Título: Faço qualquer coisa para impedir a volta da inflação
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Fonte: Jornal do Brasil, 31/05/2008, Economia, p. A19

Lula defende desenvolvimento sustentável para estabilizar a economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que fará o que for preciso para evitar a volta da inflação: "Tenham certeza que farei qualquer sacrifício, qualquer coisa para não permitir que a inflação volte, porque, se voltar, vai quebrar é o bolso do povo pobre, trabalhador. Nós, do governo, vamos fazer o sacrifício que tivermos que fazer para manter uma política fiscal responsável".

Na mesma hora em que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciava o envio esta semana do projeto do Fundo Soberano de R$ 13 milhões para aprovação urgente do Congresso Nacional, o presidente dizia que não permitirá que o Brasil volte a ter recessão, e que é necessário que haja pelo menos 20 anos de crescimento sustentável para que o país tenha uma economia saudável.

Fundo soberano

Os recursos para o fundo virão de economia adicional de 0,5% do Produto Interno Bruto que o governo passará a fazer, o que eleva sua meta de superávit primário de 3,8% para 4,3%, segundo Mantega.

O projeto de lei será enviado ao Congresso na próxima semana e, tramitando em regime de urgência, como espera o governo, deve ser aprovado em 45 dias.

¿ O primeiro objetivo do fundo é ajudar na política anti-inflacionária. A elevação dos preços é um fenômeno mundial, devido aos alimentos. O Brasil tem uma inflação menor que a de outros países, porém é preciso garantir que ela ficará sob controle. Hoje, essa é a prioridade do governo ¿ disse Mantega.

Segundo o ministro, o dinheiro (cerca de R$ 13 bilhões) será guardado ao longo do ano e ainda terá como função formar uma poupança anti-cíclica, da qual o governo poderá lançar mão em momentos de crise para impedir uma retração forte da economia.

¿ Quando necessário, os recursos poderão ser empregados na compra de dólares, para segurar a taxa de câmbio ¿ acrescentou Mantega.

Para incentivar indiretamente as empresas brasileiras, o fundo poderá adquirir títulos do BNDES no exterior. O Banco, então, emprestará os recursos às companhias.

O fundo também poderá comprar títulos do governo para diminuir a dívida em poder do público. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em nota, elogiou a iniciativa de elevação da poupança do setor público, anunciada pelo ministro da Fazenda.