Título: Promotor pede prisão de Carlos Menem
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/05/2008, Internacional, p. A20

Ex-presidente encobriu investigação do caso Amia O promotor Alberto Nisman pediu à Justiça a detenção do ex-presidente argentino Carlos Menem por acobertamento do processo que investiga o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e 300 feridos em 1994. O pedido foi apresentado ao juiz federal Ariel Lijo, que analisa as irregularidades cometidas durante a investigação judicial original do atentado, até hoje impune. A promotoria pede também a cassação do mandato de Menem, que é senador pela província de La Rioja, onde nasceu, e por isso tem foro especial parlamentar, que o protegeria de uma eventual prisão. Nisman acusa Menem de acobertamento grave da chamada conexão local, que teria sido responsável pela logística dentro da Argentina do ataque terrorista contra a associação judaica, no bairro portenho de Once. Além do ex-presidente, o promotor também pede, no documento de 115 páginas, a prisão de Munir Menem, seu irmão, de Hugo Anzorreguy, ex-chefe do Serviço de Inteligência (Side), de Juan Carlos Anchezar, ex-subsecretário de Inteligência, de Juan José Galeano, juiz federal encarregado do processo original do atentado por 10 anos (até ser afastado da investigação) e de Jorge Palacios, ex-delegado da Unidade Antiterrorista. ­ Determinamos a existência de um plano que foi liderado pelo nível político mais alto nos anos 90 para acobertar e dar impunidade a um dos principais suspeitos na conexão local ­ disse Nisman. te interrogado ou indiciado. Segundo Nisman, Menem e seus funcionários coordenaram ações para ocultar a suposta participação no planejamento do atentado do empresário sírio-argentino Alberto Kanoore Edul (filho) e inclusive desapareceram com as provas que os incriminariam. Galeano havia investigado e processado Edul como suposto participante do atentado terrorista, embora no fim o tenha libertado. Edul estava supostamente ligado a Carlos Telleldín, que ficou preso por 10 anos, acusado de ter armado o caminhão-bomba do atentado, e foi solto em 2005. Ninguém foi preso neste caso. Na época, a Argentina acusou o Irã de ter planejado o ataque e a Interpol divulgou que cinco iranianos e um libanês estariam sendo procurados, incluindo o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani. O Irã nega as acusações argentinas de que teria falhado em ajudar na investigação e pediu a prisão de cinco argentinos, acusados de ações contra a segurança da República Islâmica. Menem ainda deve ir a julgamento em julho por outro caso envolvendo vendas de armas ilegais para o Equador e a Croácia durante seu governo, de 1989 a 1999.