Título: Ainda faltam professores nas escolas
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2005, Brasília, p. D3

Secretaria admite que precisa de mais 300, quase 10% do total, mas promete resolver o problema em duas semanas

Uma semana depois de começarem as aulas na rede públicas do Distrito Federal, muitas escolas do ensino médio ainda não têm professores suficientes. Entretanto, a Secretária de Educação, Maristela Neves, promete que a carência de docentes estará sanada em duas semanas e pede paciência aos pais e alunos. Com uma rede de mais de 100 mil alunos no ensino médio e expansão de 5,3% em 2005, o Distrito Federal tem 3.488 docentes lecionando no ensino médio e carece de, pelo menos, mais 300. As disciplinas em estado mais crítico são Física, Inglês, Matemática e Química.

Com a universalização do ensino médio, estabelecida no Plano Nacional de Educação (PNE), esse nível de ensino tem expandido muito e o número de licenciados em algumas áreas não acompanha a demanda. Além disso, há muito desinteresse de profissionais em trabalhar no ensino público porque não há valorização do professores e a remuneração é muito aquém da realidade do mercado.

- Não há como prover essa carência, pois a falta de valorização do professores e a postura da União, que se exime da obrigação com o ensino médio só aumenta o problema que os estados não dão conta de resolver - explica a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Juçara Vieira.

Para a Universidade de Brasília, o problema no DF é bem menor que nos estados. Como aqui não aqui há muitas indústrias e laboratórios para absorver profissionais de ciências, a falta de professores é, em parte, causado pela desorganização do GDF. Por exemplo, o curso de Química da UnB tem formado cerca de 30 professores licenciados por semestre.

- O problema da carência de professores aqui no Distrito Federal é mais político. Se a Secretaria realizasse concursos e chamasse mesmo os aprovados, não faltariam professsores de áreas como Química. Tenho alguns ex-alunos que estão desempregados e querem trabalhar na rede pública, mas não para contratos temporários que não oferecem estabilidade - afirma Wildson Perreira, professor de química da UnB.

Em resposta à solicitação de Secretarias de estados e entidades educacionais, o Ministério da Educação decidiu apoiar financeiramente os estados que estejam enfrentando sérios problemas de falta dos professores nas áreas de ciências da natureza e matemática. Para isso, uma comissão formada por goveno e entidades da sociedade civil está buscando caminhos para enfrentar a situação de modo emergencial.

- Vamos receber propostas das Secretarias estaduais de Educação para buscarmos alternativas de caráter emergencial que visem minimizar os prejuízos na formação dos inúmeros jovens não estão tendo acesso a aulas de ciências da natureza e matemática. Em contrapartida, os estados terão que oferecer uma política global de formação e valorização dos professores - afirma o coordenador de políticas do ensino médio do Ministério da Educação, Francisco Potiguara.

Só no último ano, o número de alunos no ensino médio cresceu 5,3% no Distrito Federal. A posição dos professores, a partir daí, é que a Secretaria de Educação deve evitar na medida do possível os contratos temporários e optar por programas permanentes após dimensionar o tamanho da necessidade de novos profissionais.