Título: O problema crônico do Lago Sul
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2005, Brasília, p. D6

Moradores da área da Ponte das Garças se mobilizam, mas não conseguem sequer quem assuma culpa pelo mau cheiro

Quem passa pela Avenida das Nações no trecho próximo à Ponte das Garças é brindado com algo mais do que uma bela vista do lago. Um mau cheiro, que às vezes beira o insuportável, incomoda quem passa pela área e, principalmente, quem mora por ali. Os mais afetados pelo odor são os moradores das QLs 2 a 6 do Lago Sul, de algumas embaixadas e das quadras finais da Asa Sul. O problema é antigo e a luta dos moradores para resolvê-lo, também. Cansada de conviver forçadamente com o odor, a servidora pública Regina Sturzenegger resolveu organizar um abaixo-assinado. O documento foi feito em março de 2003 e já tem mais de 3 mil assinaturas. Além dos moradores da área, assinaram também embaixadores de vários países, como Itália, República Checa, Polônia, Finlândia e Estados Unidos, alunos e professores do Colégio Marista e da faculdade Euro-Americana, médicos e funcionários do Posto de Saúde da 612 Sul, que ficam na área, e os senadores do Distrito Federal à época.

O abaixo-assinado requeria a limpeza e desassoreamento do Lago no trecho a partir da Ponte das Garças e a trasferência da Usina de Tratamento de Lixo (UTL), situada às margens do Lago Paranoá.

O documento foi entregue a várias autoridades, entre elas a administradora do Lago Sul, Natanry Osório, ao presidente da Caesb, Fernando Leite e ao governador Joaquim Roriz.

-Todo o nosso esforço não deu em nada. Eu cheguei a ir a uma reunião na Caesb mas eles simplesmente esqueceram o assunto - reclama

No abaixo-assinado, Regina reuniu fotos que mostram o assoreamento do lago além de fotos da usina de lixo armazenando lixo a céu aberto.

A Belacap afirma que o mau cheiro pode um dia ter sido provocado pela usina de tratamento de lixo, mas que hoje não é mais.

- Quem acusa a usina de lixo pelo mau cheiro está mal informado. Quando fazíamos a compostagem (transformação do lixo orgânico em adubo) no pátio da usina havia um mal cheiro proveniente do processo mas atualmente isso é feito na usina da Ceilândia - explica o assessor de planejamento Cláudio Rachid.

Além disso, segundo o assessor, o lixo recolhido é colocado em locais fechados e só fica um dia na usina. Para ele, a causa do mau cheiro é o lodo acumulado no pátio da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), ao lado da UTL.