Título: Rio faz festa para a História
Autor: Camilla Antunes
Fonte: Jornal do Brasil, 21/02/2005, Rio, p. A12

No Aterro, comemoração dos 60 anos da Tomada de Monte Castelo, na Itália

A comemoração dos 60 anos da maior vitória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial atraiu centenas de pessoas à festa no Monumento aos Mortos, no Aterro do Flamengo, na manhã de ontem. Nem a chuva espantou quem acordou cedo para assistir à teatralização da Tomada do Monte Castelo, na Itália, quando os pracinhas brasileiros derrotaram as forças nazistas. - Esta festa tem o objetivo de lembrar a bravura dos soldados brasileiros, que mesmo desacreditados, venceram o mais importante exército do mundo na guerra. E o Brasil continua desenvolvendo um papel exemplar em países como o Timor Leste e o Haiti - comemorou o comandante-geral do Comando Militar do Leste, general Sérgio Alves Conforto.

Também esteve na homenagem o marechal Valdemar Levy que, com 104 anos, é o militar mais antigo da FEB. Muito emocionado, o marechal recebeu os cumprimentos de populares e pracinhas que assistiram a encenação.

- Lembrei de tudo que vivi na guerra. Viva o Brasil - emocionou-se o marechal, comovido com o assédio do público.

Os militares reproduziram com realismo a simulação da batalha. Cerca de 150 soldados participaram da encenação na qual foram usados 40 tiros de canhão e mais de 800 tiros de festim. Veículos utilizados pela tropa brasileira na guerra também estavam expostos ao público. O Comando Militar do Leste estima que cerca de 2 mil pessoas tenham comparecido à comemoração.

O vendedor Amílton Martins, levou a filha Juliana, de 6 anos, para assistir a teatralização. Encantado com a fidelidade aos fatos na simulação, o professor ficou surpreso com a guerreira vitória da FEB.

- Infelizmente conhecemos muito pouco a história do nosso próprio país. Estou orgulhoso de saber como nossos soldados foram bravos ao defender o mundo das atrocidades nazistas - festejou Amílton.

O ex-combatente Laudelino Soares de Melo, de 83 anos, recordou com carinho das dificuldades que passou na guerra. Segundo ele, que era motorista da tropa, o Brasil tinha equipamentos pouco potentes para enfrentar os exércitos europeus. Mas, mesmo assim, o espírito guerreiro dos combatentes fez com que a tropa obtivesse conquistas memoráveis.

- Apesar de termos uma estrutura inferior, conseguíamos nos defender e atacar bem. Aprendi que numa guerra não existe vencedor. A guerra é uma desgraça - disse.