Título: Khatami quer vir ao Brasil
Autor: Gisele Teixiera
Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2005, Internacional, p. A8

Em Brasília, embaixador critica campanha dos EUA contra Teerã

O embaixador do Irã no Brasil, Seyed Jafar Hashemi, acredita que a aproximação de Teerã e Brasília vai seguir em frente apesar das tensões do seu país com os EUA. Segundo Hashemi, o presidente iraniano, Mohamed Khatami, deseja vir ao Brasil ainda neste primeiro semestre, como parte da viagem que fará à América do Sul.

O objetivo é o de intensificar as relações comerciais e políticas entre os dois países e divulgar o Irã no Brasil.

- Queremos mostrar que temos mais para oferecer do que o cinema iraniano e os americanos não vão atrapalhar os negócios - diz o embaixador, acrescentando que falta um convite oficial por parte do governo brasileiro para a visita de Khatami.

Segundo o diplomata, os dois países têm importância em suas regiões, são nações em desenvolvimento e possuem economias complementares. Com uma das maiores reservas de petróleo e gás natural do planeta, o Irã tem 70 milhões de habitantes e tenta ocupar um lugar de liderança no Oriente Médio.

No entanto, o país vem mantendo uma relação tumultuada com Washington, que o acusa de servir de abrigo para terroristas e de desenvolver armas nucleares.

- Usamos a tecnologia para uso pacífico e não aceitamos esta guerra psicológica, de terrorismo e marketing, que a América tenta vender ao mundo - disse Hashemi.

Alemanha, França e Grã-Bretanha fazem atualmente um esforço diplomático para alcançar uma solução política com Teerã. Os europeus oferecem cooperação tecnológica após a suspensão das atividades nucleares. Os EUA, no entanto, defendem a aplicação de sanções contra o Irã.

Hashemi comentou que não acredita em um ataque americano a seu país.

- Não acredito que os americanos cometeriam o mesmo erro estratégico duas vezes _ afirmou, referindo-se à guerra contra o Iraque.

Com o Brasil, a balança comercial chegou a US$ 1,135 bilhão em 2004, com saldo desfavorável ao Irã. Os empresários brasileiros compram do país persa basicamente uvas secas, (quase 40% do total importado), tapetes, peles de ovinos, couros e os famosos pistaches.

Os iranianos, na outra ponta, compram do Brasil óleo e grãos de soja, milho, carne bovina desossada, açúcar e minério de ferro, para citar os mais importantes.