Título: Água para aplacar greve
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 23/01/2005, Internacional, p. A8

Na esperança de que os bolivianos estivessem distraídos com as festas de fim de ano, o governo de Carlos Mesa decretou o aumento no preço dos combustíveis. Mas a reação foi rápida. ''Greves cívicas'' paralisaram duas das três principais cidades da Bolívia: Santa Cruz e El Alto, satélite de La Paz.

Proprietários de ônibus em El Alto acabaram voltando ao trabalho, mas agricultores de Santa Cruz organizaram greve de fome, ocupação de prédios do governo e marchas.

Em El Alto, os protestos foram superados pois - para acabar com o bloqueio das ruas que levam ao aeroporto, que serve La Paz - o governo resolveu atender a uma reivindicação da população local. Cassou a concessão que o consórcio Suez - cujo sócio majoritário é um grupo francês de serviços - tinha para explorar a Águas de Illimani. A companhia devia ter ampliado o abastecimento de água em El Alto, mas segundo denúncias populares, não o fez.

- Mesa também não quis estar associado a uma nova ''Guerra da Água'', os protestos de 2000 em Cochabamba que forçaram o cancelamento do contrato de um grupo estrangeiro de distribuição de água na terceira cidade mais importante da Bolívia - afirma o pesquisador do Iuperj, César Guimarães. (S.M.)