Título: Crivella nega acordo com o tráfico do Morro da Providência
Autor: Raposo, Fred; Victal, Renata
Fonte: Jornal do Brasil, 20/06/2008, Cidade, p. A10

Ontem, o pai do projeto Cimento Social, senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), pré-candidato à prefeitura, negou, em nota, que um de seus assessores tenha negociado qualquer acordo com o tráfico do Morro da Providência.

"O Exército nega a existência de qualquer relatório oficial que comprove tais afirmações. (...) Até porque, caso houvesse tais comprovações, o Exército seria obrigado a comunicar o ocorrido, imediatamente, às autoridades policiais do Estado", diz a nota do senador.

Documento do serviço reservado do Exército aponta que um assessor do senador negociou com traficantes uma espécie de política de não-agressão durante a ocupação da favela. Um homem chamado Gilmar, que seria auxiliar de Crivella, é apontado como responsável pelos entendimentos com o tráfico. "É falsa também a afirmação de que o senhor Gilmar `de tal¿ seja assessor do meu gabinete".

Procurado pela reportagem, Crivella não quis dar entrevista, segundo sua assessoria. O senador diz que sua participação no projeto "é, na essência, o exercício da atividade parlamentar que me foi confiada pelo povo do Rio". Crivella diz estranhar "que essa matéria (....) volte a ser veiculada às vésperas do início da disputa eleitoral".

Ontem, o presidente da Associação dos Moradores da Providência, Nelson Gomes, afirmou que a escolha do local das obras foi feita por Crivella.

¿ O senador me procurou e pediu que mostrasse a parte mais carente da favela. Eu o levei lá no Sessenta e na Pedra Lisa. Andei com o pessoal dele pelo morro e fiquei até mal com os moradores. Ele me falou depois que a obra seria na Barão de Gamboa porque era em frente à Cidade do Samba, à rodoviária e à Perimetral.

A assessoria do senador afirmou que Gomes defende os interesses de vereadores e suas informações são incorretas.