Título: Trinta milhões de carteiras assinadas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/06/2008, Economia, p. A18

Número de postos de trabalho até maio chegou a 1 milhão. Rio ocupa a segunda posição no ranking.

Entre janeiro e maio deste ano, o número de novos postos de trabalho com carteira assinada atingiu o recorde histórico de 1,051 milhão. Em maio, especificamente, a oferta de vagas foi de 202.984 ¿ desempenho 4,5% menor que o de igual mês do ano passado. O número total de empregos com carteira assinada atingiu a marca inédita dos 30 milhões em maio deste ano, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged) divulgadas ontem pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

No ranking das cidades que mais geraram emprego nos cinco primeiros meses do ano, o Rio aparece em segundo lugar com 37.867 vagas. A liderança ficou com São Paulo, que garantiu 123.117 novos postos de trabalho. Belo Horizonte está em terceiro com 29.720.

A oferta de mais de 1 milhão de vagas era esperada pelo Ministério do Trabalho para abril, e não para maio. Mas a ocorrência de um grande número de demissões na indústria do açúcar e álcool em Alagoas no segundo trimestre atrasou em um mês o resultado. As demissões no Nordeste também foram citadas pelo governo como motivo da queda do resultado do mercado de trabalho na comparação com maio do ano passado.

¿ Esse ritmo dinâmico no mercado de trabalho vai se manter. Para o ano, reafirmo a projeção de 1,8 milhão de novas vagas ¿ comentou o ministro. A meta se mostra factível. Nos 12 meses encerrados em maio, a oferta de vagas superou em 1,7 milhão o total de postos de emprego fechados.

O ritmo dinâmico na geração de trabalho com carteira assinada é resultado direto do maior crescimento da economia. Consumo aquecido, investimento em alta e indústrias operando próximas ao limite da capacidade no início do ano compuseram um quadro favorável para a maior admissão de trabalhadores.

Desempenho por setor

O setor serviços liderou a oferta, admitindo 365 mil pessoas nos cinco primeiros meses do ano. De acordo com o Ministério do Trabalho, nesse setor as áreas que mais admitiram foram de venda e aluguel de imóveis, restaurante, hotelaria, ensino e serviços médico-hospitalares.

O setor industrial ofertou 266 mil postos, seguidos pela construção civil, 160 mil, agricultura, 134 mil, e pelo comércio, com 84 mil.

Para o restante de 2008, a tendência é de continuidade do bom ritmo de admissão de empregados, embora com possibilidade de arrefecimento, a depender dos efeitos do aumento dos juros.

Na avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmman, esse desempenho do mercado de trabalho indica a melhora do ritmo de expansão da economia.

Para ele, o resultado também reflete aspectos sazonais como a eleição municipal, a maior encomenda de máquinas e equipamentos para a realização de obras públicas e o avanço do investimento no setor privado.

¿ Se há crescimento, há demanda forte por emprego. O que estamos vendo é a maior contratação de trabalhadores para atender à maior capacidade de produção das empresas e à melhora do investimento ¿ afirma o presidente do Ipea. ¿ Daqui para frente, mantido esse ritmo de expansão de 5% do PIB, há condições de serem gerados 2 milhões e 2,5 milhões de novos postos por ano.

O economista lembra que a permanência do atual nível de expansão vai depender do tempo que o Banco Central manterá os juros elevados.