Título: Na votação da CSS, um número muito elevado de deserções
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 22/06/2008, País, p. A3

Brasília

As votações no Congresso também têm exposto o desgaste do governo com sua base. A tentativa de criar a CSS deixou evidente a falta de sintonia dos partidos. Na Câmara, o texto básico da proposta ¿ que chegou a ser retirado de pauta três vezes ¿ passou por apenas dois votos a mais do que o necessário (259), uma diferença de 53 votos governistas em relação à votação na qual o governo tentou no ano passado dar continuidade a CPMF.

PV e PMDB registraram o maior número de traidores, 12 e nove, respectivamente. O governo ainda encontrou problema entre petistas, uma vez que 15 não votaram ¿ entre eles o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), que explicou em nota que não fugiu da votação, apenas teve que participar de uma reunião no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Emendas liberadas

O placar apertado para os governistas foi conquistado, inclusive, com a liberação de emendas. Desde o início das negociações pela CSS em maio até os primeiros 11 dias de junho, o Planalto autorizou R$ 324 milhões para emendas dos parlamentares.

Os governistas minimizam o racha e dizem que esta realidade não se reflete em outros momentos, apenas em temas mais polêmicos. A justificativa para o recuo dos governistas na CSS é de que alguns parlamentares da base tiveram receio das eleições municipais.

¿ Defecções são normais, ainda mais em ano eleitoral - argumentou o líder do PT na Câmara, Maurício Rands. ¿ Tem candidato que prefere não arcar com o ônus de apoiar um novo imposto, mesmo que seja para melhorar a saúde.

Para os líderes governistas, não há solução para fogo amigo, existe administração.

¿ É claro que algumas atitudes surpreendem, mas fazem parte do jogo político - destaca o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).

¿ Tem cada parlamentar com um fôlego que você fica impressionado, mas nada como uma boa conversa e a busca de um diálogo para acalmar os ânimos. (M. F.)