Título: Crise para uns, lucros maiores para outros
Autor: Totinick, Ludmilla; Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 22/06/2008, Economia, p. E1

Se o preço é decisivo na hora de escolher o que colocar no carrinho, os produtos de marca própria (MP) levam vantagem com redução média de 15% a 20% sobre os demais. São 42 mil itens disponíveis no setor supermercadista (as principais redes oferecem opções em inúmeros itens), atacadista e distribuidor. Juntos, em 2007, movimentaram R$ 9,5 bilhões, na fatia de 7% do faturamento dos supermercados do país, cujo bolo foi de R$ 136,3 bilhões. Para este ano, a projeção é aumentar as vendas em 20%, contra os 27% de 2007.

¿ Quando há crise, melhora ainda mais para nós ¿ diz Neide Montesano, presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro). Para ela, a compra das marcas mais em conta é característica dos períodos de inflação. ¿ É um fenômeno das classes C, D e E. Nas classes A e B também existe, só que de forma sutil.

Christian Travassos, economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), ressalta as opções de escolha do consumidor.

¿ Hoje em dia, é possível optar pelo mais barato, o que vale a pena comprar ¿ destaca. ¿ A inflação não é uma coisa boa, porém observamos que o crédito cresceu quase 31% nos últimos 12 meses, porém a inadimplência permaneceu no mesmo patamar. O crédito pessoal caiu de 5,4% em abril de 2007 para 5,1 % em abril de 2008. Percebemos que o consumidor está mais maduro, ele está preocupado em honrar as dívidas.

Para o economista, a inflação é fruto da demanda aquecida de um país que, no período de abril de 2007 a abril de 2008, criou 11,8 milhões de empregos com carteira assinada. Só na Região Metropolitana do Rio, foram 120 mil.