Título: PT lança Molon, mas expõe racha no partido
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 23/06/2008, País, p. A2

Brigas e discussões marcaram a convenção do Partido dai Trabalhadores ontem, no Clube da; Portuários na qual o deputado estadual Alessandro Molon saiu candidato à prefeitura do Rio. O petista chegou por volta das l0h, confiante de que, depois de idas e vindas envolvendo seu nome, seria confirmado como nome do PT carioca.

- Todas as pedras que surgiram pelo nosso caminho vão servir para que a gente construa uma grande escada para chegar à vitória eleitoral filosofou Molou. que revelou a sua estratégia para conquistar o eleitor. - É preciso trabalho, sola de sapato e aguardar a televisão. Antes dela é muito difícil crescer nas pesquisas.

O candidato referiu-se ao dia 6 de julho, quando começa o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão.

O petista não soube informar quanto vai gostar na campanha e quem será o vice. De acordo com o candidato, o companheiro de chapa deve ser decidido pelas executivas estadual e municipal. Porém, nem o presidente estadual do partido, Alberto Cantalice, soube responder. . .

- Estamos esperando o PSB e o -, PDT se decidirem. Podemos lançar vice do próprio PT. O mais cotado é o deputado federal Carlos Santana (PT-RJ) - disse Cantilice.· .

Apesar da expectativa da presença do ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, somente o do Meio Ambiente, Carlos Minc, compareceu. Minc falou mais sobre o seu ministério do que a candidatura de Molon.

Brigas

A divisão do partido ficou clara logo depois do discurso do ministro Minc. O deputado estadual Jorge Babu foi convidado para integrar a mesa.

Assim que seu nome foi anunciado, militantes passaram a vaiá-lo. Um deles xingou o deputado e foi agredido por Luiz Cláudio Pereira, assessor parlamentar de Babu.

- Foi um gesto de preconceito, e a gente não aceita isso. Se conseguimos fazer uma aliança com o PMDB, por que não fazemos uma aliança interna? - questionou Pereira.

Para Samuel Maia, da executiva estadual do partido, o PT vive ainda muitos conflitos intemos.

- Três forças políticas do PT, ligadas ao Jorge Bittar, Alberto Cantalice e Carlos Santana, queriam aliança com o PMDB, falando que era estratégica - explicou Maia. - Uma força política discordou, porque o PMDB poderia ser aliado, mas tem adversários do PT

no Rio. Logo, não era estratégico.

Samuel Maia afirmou, então, que e,sa força "sofreu processo de isolamento" no partido. No final, aconteceu o esperado pelo grupo isolado: o PMDB rompeu a aliança com PT.

- Aconteceu o problema, que avisamos. Tinham que ter humildade de dizer. "os companheiros que acertaram na avaliação devem agora ajudar na condução política". Mas não fizeram -lembrou Maia. :.... A briga de hoje aconteceu porque a direção do PT estadual não sabe o que fazer.

Maia deu a receita para o PT vencer as eleições:

- A campanha do Molon vai crescer a partir do momento que optarem por incluir todas as forças políticas de dentro do partido.

Longe de Ipanema, Gabeira busca eleitores da Zona Oeste

O deputado federal Fernando Gabeira (PV) teve sua candidatura homologada à prefeitura do Rio, durante a convenção realizada ontem no Cassino Bangu, na Zona Oeste. A chapa da coligação PV-PPS-PSDB terá como vice o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB).

O lançamento da candidatura de Gabeira: na Zona Oeste foi pura l estratégia . Ali, o reduto é do prefeito César Maia, que angaria milhares de votos há anos para o seu partido, o DEM, cuja candidata este ano é a deputada Solange Amaral. Pesquisas nas mãos do PV mostram que o eleitor vê Gabeira como um candidato afinado com a Zona Sul, onde mora e seu principal reduto - apesar de ele ter sido um dos deputados federais mais votados do Estado.

Críticas

Num ato já pré-eleitoral, Gabeira criticou, em seu discurso, a violência contra os moradores do Morro da Providência, onde o adversário Marcel Crivella (PRB) tem um projeto social tocado com verbas da União. Gabeira lembrou que a campanha eleitoral no Rio começou mal.

- A campanha começou manchada de sangue. O sangue dos meninos da Providência - atacou o candidato verde. - A presença do Exército na comunidade é fruto de uma campanha eleitoreira que o governo decidiu proteger era propaganda política, com as fotos do antes e do depois da favela e, ao lado, a foto do candidato - emendou, referindo-se a Crivella.

Para o candidato do PV, o Rio precisa a voltar a crescer economicamente. Mas para isso, a prefeitura deve investir na cidade em yários, setores como saúde e transporte.

- O Rio tem um grande potencial em áreas como o turismo, resseguro, tecnologia e outros setores. E a prefeitura precisa fazer sua parte. E é isso que estamos propondo - explicou Fernando Gabeira.

No trilho

Gabeira chegou ao bairro de trem. Estava acompanhado do vice na chapa, do deputado estadual José Camilo Zito, presidente regional do PSDB e de Roberto Freire presidente nacional do PPS.

Na Zona Oeste Gabeira quer conquistar mais voto, com a chapa oficializada. O deputado Zito foi muito bem votado, apesar de ele ser de Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense.

- Por ter sido prefeito em Caixas, Zito tem um grande conhecimento da região e poderá nos ajudar bastante durante a campanha mostrando o nosso trabalho ¿ garantiu Gabeira

- E inegável que há uma maior conhecimento do trabalho de Gabeira na Zona Sul e alguns locais da Zona Norte. Agora, é o momento de 1evarmos sua atuação como deputado federal e os projetos de campanha para a Zona Oeste.