Título: Paes é confirmado, ainda sob fogo-amigo
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 23/06/2008, País, p. A2

O aval do PMPB do Rio para Eduardo Paes brigar pelo Palácio da Cidade veio com folga. Foram 136 indicações, contra 67 do deputado federal Marcelo Itagiba. Mas a confiança dos correligionários depositada nas urnas ainda não é suficiente. Sua candidatura pode enfrentar, a qualquer momento, um pedido de impugnação por conta de sua confusa exoneração do cargo de secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, publicada um dia depois do prazo permitido, em edição extra do D.O. Há o risco de a iniciativa partir de integrantes do próprio partido.

Ontem, depois de sete horas de convenção, o presidente do diretório regional, Jorge Piccinai, deu o recado e pediu unidade em tomo da candidatura de Paes que conta com o apoio declarado do governador Sérgio Cabral. Outros líderes do partido e até Itagiba fizeram coro.

- Vamos enfrentar uma eleição que não será fácil, e para chegamos lá e preciso estarmos juntos - disse Picciani.

As palavras do presidente regional eram dirigidas ao grupo ligado ao ex-governador Anthony Garotinho, que apoiou Itagiba. Durante a convenção, eles distribuíram panfletos com o resultado de uma consulta feita ao ex-ministro do TSE Torquato Jardim,

presidente do Instituto Brasileiro de Direito Eleitoral. No parecer, Jardim considera contestável a candidatura de Paes. A exoneração foi apenas mais um aditivo na conturbada pré-candidatura peemedebista que chegou a anunciar alianças com DEM e depois com PT, que acabaram retiradas.

Garotinho, que acompanhou a convenção, mas saiu ames do anúncio, não poupou provocações a Paes e a Cabra!. Chegou a insinuar que houve uso da maquina pública a favor do ex-secretário.

- Eles jogaram com a maquina pública. Assim é difici1 concorrer declarou o ex-governador, sem confirmar se entrará ou não com algum recurso na Justiça Eleitoral.

Sérgio Cabral, que participou ontem de uma maratona em seis municípios, saiu em defesa de Paes. Sem polemizar disse que o partido caminha para o amadurecimento.

- O tapetão está tora do processo afirmou o governador.

Depois da confirmação, Paes que já foi vereador, deputado federal, secretário municipal e estadual- não fez nenhuma promessa específica, destacando que deve tocar seu programa político nas áreas de saúde e educado.

- Mas não podemos esquecer que nenhuma área precisa ser tratada de uma forma diferente - argumentou Paes. - Todas merecem a mesma atenção.

O candidato do PMDB, ainda que discretamente, mostrou que deve assumir um tom critico durante a campanha. O atual prefeito do Rio César Maia (DEM), foi um dos alvos escolhidos. Paes frisou que os fluminenses não suportam mais a falta de interlocução entre o município e os governos estadual e municipal.

- Não podemos mais viver como se estivéssemos em uma ilha.

Em outro momento, sem fazer referência direta, disse que a morte dos três jovens no Morro da Providencia - que foram entregues por soldados do Exército a traficantes - representa a ausência do poder municipal

- Se a prefeitura, que é a instância de poder com maior impacto na vida da população estivesse lá, hoje poderíamos não estar chorando a morte destes três jovens - declarou.

As críticas de Paes também começam a respingar sobre seus adversários. Aproveitando a tragédia na Previdência, o candidato cobrou apuração se há ou não uso eleitoreiro do pré-candidato do PRB, senador Marcelo Crivella que assina o projeto Cimento Social abraçado pelo Ministério da Cidades, fruto da presença do Exército para comunidade.

Sobre alianças e apoio, Paes preferiu ser discreto, mas avisou que não pretende colar sua imagem à do presidente Lula.