Título: Sigilo polêmico
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2005, País, p. A7

A decisão do juiz Lauro Alexandrino, da comarca de Pacajá, no Pará, de que corra em segredo de justiça o inquérito sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang foi considerada ¿um desserviço e um retrocesso¿ pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato. A decisão de Alexandrino foi tomada à tarde. No início da noite, contudo, o juiz decidiu revogá-la.

A morte encomendada da religiosa foi o assunto mais comentado, com indignação geral, durante a reunião mensal do Conselho Federal da OAB, ontem realizada em Brasília.

De acordo com Roberto Busato, o segredo de justiça foi decretado depois do depoimento de Rayfran, que não seria o único responsável direto pela execução sumária da Irmã Dorothy. O preso teria informado que um candidato a prefeito na região de Anapu, ligado ao PT, teria sido o mandante do crime.

¿ Se o fato foi esse, só temos a lamentar, porque um processo dessa natureza, com a grande repercussão internacional que está tendo, devia ser o mais transparente possível ¿ acrescentou Busato.

A decretação de segredo de justiça para o caso foi também severamente criticado pelo presidente da seccional da OAB no Pará, Ophir Cavalcante Junior, e pelo presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Edísio Souto.

Ophir Cavalcante Junior estendeu suas apreciações críticas ao governo que, segundo ele, está agindo apenas em função da pressões internacionais, ao tomar decisões relativas às investigações do assassinato da religiosa.