Título: PAC e eleição aquecem o mercado de asfalto no país
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: Jornal do Brasil, 23/06/2008, Economia, p. A17

Obras de infra-estrutura e asfaltamento de ruas aumentam pressão sobre os preços.

São Paulo

As distribuidoras de asfalto, setor que movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões com o consumo de 1,7 milhão de toneladas ano passado, se preparam para uma ampliação de cerca de 10% na demanda até o fim deste ano. Em valores, a expectativa também é de crescimento de 10% no período, para R$ 2,8 bilhões.

¿ O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está implementando o uso de asfalto em seus projetos. Além disso, estamos em ano de eleições municipais, o que também estimula o uso do insumo para a melhoria da infra-estrutura das cidades ¿ afirma Éder Vianna, presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto (Abeda).

A expectativa da Abeda é chegar até o fim deste ano com 1,85 milhão de toneladas consumidas.

¿ Com esse incremento, chegaremos aos R$ 2,8 bilhões de faturamento no setor ¿ salienta Vianna. As maiores empresas de distribuição de asfalto são BR Distribuidora, Ipiranga Asfaltos, Grecca e Betunel e os principais clientes atendidos pelas companhias são as empreiteiras de obras federais, seguidas por prefeituras e concessionárias.

¿ Apesar do crescimento no setor, os investimentos nos três segmentos da infra-estrutura ¿ rodoviário, ferroviário e hidroviário ¿ deveriam ser muito mais expressivos ¿ diz Vianna.

Infra-estrutura

O executivo ressalta que o setor de infra-estrutura é um dos principais propulsores do Produto Interno Bruto (PIB):

¿ O país poderia crescer muito mais se houvesse os devidos investimentos no setor.

O asfalto é produzido a partir da destilação de tipos específicos de petróleo e as frações leves como a gasolina, diesel e querosene são retiradas no refino. Questionado sobre se a alta no barril pode acarretar um aumento no preço do asfalto, o presidente da Abeda diz que, até o fim do ano, provavelmente não haverá alteração nas cotações.

Preços

¿ Em janeiro, a Petrobras reajustou o preço do insumo para as refinarias em cerca de 10%, mas como a empresa produz asfalto a partir do petróleo nacional, acreditamos que não haverá novo reajuste neste ano, mesmo com a alta do barril ¿ afirma o presidente da Abeda.

Vianna, lembra a forte queda na produção de asfalto em 2003.

¿ Naquele ano, a Petrobras reajustou o preço em 125%, o que levou as obras a tornarem-se inviáveis. Na época, a produção foi de 1,15 milhão de toneladas.

Porém, depois da baixa registrada em 2003, a indústria de asfalto recuperou o fôlego, impulsionada pela retomada de investimentos em infra-estrutura.

¿ Sabemos que o PAC não se esgotará este ano, principalmente pelo fato de os projetos terem começado em atraso. Portanto, em 2009, estimamos um crescimento de 5% em relação a 2008 ¿ explica o presidente da Abeda. O executivo ressalta que não se trata de um crescimento baixo, pois, devido a base comparativa, que é o incremento de 10% em 2008, a taxa de aumento em 2009 ficará menor.

O último crescimento expressivo na indústria de asfalto brasileira foi em 1998, quando o setor somou 1,96 milhão de toneladas consumidas.

¿ Aquele foi o ano de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Houve um plano rodoviário maior e por causa dos investimentos nas estradas, o segmentou demostrou destaque ¿ lembra o presidente da associação dos distribuidores.