Título: Empresário é preso e não tem nome revelado
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/06/2008, País, p. A4

Suspeito se entrega, depõe e segue para penitenciária.

Belo Horizonte

Mais uma pessoa foi presa suspeita de participar do esquema de desvio de dinheiro público de obras, investigado pela Operação João de Barro, da Polícia Federal. Um empresário de Minas se entregou à PF na manhã de ontem, prestou depoimento e, em seguida, foi levado para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, ao lado de Belo Horizonte.

A PF não quis divulgar o nome do empresário, nem qual seria sua suposta participação no esquema. Com a prisão, sobe para 27 o número de pessoas presas pela operação. No total, o Tribunal Regional Federal (TRF) de Governador Valadares expediu 38 mandados de prisão na operação.

A Operação João de Barro investiga suspeitos de integrar um esquema de fraude de contratos que desviava recursos públicos de obras realizadas em 119 locais do Distrito Federal e de sete Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Algumas destas obras estavam incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

Números

Segundo a PF, foi identificada a liberação de R$ 700 milhões por meio de emendas parlamentares ou convênios com ministérios, além de mais de R$ 2 milhões que estavam previstos para serem executados no esquema. Com a operação, a PF conseguiu impedir a liberação dos recursos previstos para outras obras do governo.

De acordo com a PF, ainda não foram solicitados à Justiça os mandados de prisão para os administradores dos locais envolvidos. Contudo, a PF não descarta prendê-los na segunda fase da operação.

Durante a semana, a PF analisa os documentos apreendidos em 231 mandados de busca e apreensão, inclusive no Ministério das Cidades e em gabinetes da Câmara dos Deputados. A Polícia Federal não soube informar quando a análise dos documentos apreendidos deverá ser concluída.

Deputados envolvidos

O esquema de fraudes também incluiu a participação dos deputados João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG), que liberavam emendas parlamentares para a execução das obras.

Os parlamentares devem ser denunciados à Procuradoria-Geral da República (PGR) na segunda fase das investigações da PF por tráfico de influência, corrupção passiva, formação de quadrilha e concussão -se for confirmado o envolvimento dos deputados nas irregularidades.

Os deputados negaram participação no esquema investigado e disseram que apenas trabalham para liberar verbas a municípios mineiros, conforme atribuição de seus cargos, e que não escolheram o destino dos recursos do PAC.