Título: Em BH, PT e PSDB são aliados. Mas nem tanto
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/06/2008, País, p. A3

A principal queda-de-braço neste fim de semana durante as convenções está na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte (MG). O PSDB chegou a adiar a convenção do partido para segunda-feira na expectativa de que o presidente Lula possa costurar, até lá, um acordo com o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, que viabilize a aliança formal entre tucanos, petistas e o PSB em Belo Horizonte. No último fim de semana, PT homologou a chapa com o PSB.

O candidato a prefeito é o empresário Márcio Lacerda (PSB), ex-secretário estadual do governador Aécio Neves, e o deputado estadual Roberto Carvalho (PT). A aliança foi costurada com Aécio e o atual prefeito Fernando Pimentel, mas a Executiva nacional do PT freio o apoio oficial dos tucanos mineiros à chapa. Para o presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), a resistência do PT à aliança com o PSDB poderá "arranhar" a união do PSB com os petistas em nível nacional. Campos, no entanto, tentou minimizar a intransigência do comando nacional do PT para formalizar a aliança com os tucanos e o PSB em Minas.

¿ De forma franca, isso não ajuda [a coligação nacional] - sustentou Campos. - Mas é a hora do povo de Belo Horizonte falar, elegendo Márcio Lacerda, que é a vontade do governador, do prefeito e do presidente Lula. Quando o povo fala, os políticos aprendem.

Na opinião do presidente do PSB, a aliança "informal" do PSDB, PT e PSB vai se impor à formalidade negada pelos petistas.

¿ Entre o formal e o conteúdo, o importante é o conteúdo ¿ diz. Todos vão estar juntos na hora que forem às ruas. O povo está a favor da aliança.

Campos disse que as divergências entre os partidos "ficam reduzidas quando a aliança tem apoio do presidente Lula". O governador, que nos bastidores fez sucessivos apelos para Lula intervir no PT em prol da aliança em Belo Horizonte, negou que seja função do presidente convencer o comando do partido a aderir à união com os tucanos.

¿ Não cabe ao presidente interferir na vida do PT - ponderou o governador. ¿ A direção nacional do partido sabe a posição do presidente Lula. Ao longo do processo, sempre conversamos com o presidente. Respeitamos a posição (do PT), mesmo sem compreender essa decisão.

Nos últimos dias, Aécio e Campos vêm costurando o apoio do presidente Lula na tentativa de sensibilizar o PT para ceder à aliança com os tucanos. Campos chegou a lembrar que o PSB aceitou apoiar candidatos petistas em São Paulo e Salvador, num claro sinal de que esperava a reciprocidade petista.