Título: Britânicos em defesa do etanol brasileiro
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/06/2008, Economia, p. A19

Revista `The Economist" classifica combustível de enxuto, verde e bom

A revista britânica The Economist publicou na edição de ontem um artigo em que elogia o álcool brasileiro, dizendo que o combustível é alvo de críticas injustas, e defende o fim da tarifa imposta pelos Estados Unidos à importação do combustível produzido no Brasil.

Intitulado Lean, green and not mean (Enxuto, verde e bom, em tradução livre), o texto disse que os argumentos em favor do fim da tarifa de US$ 0,54 por galão (cerca de R$ 0,22 por litro) "foram fortalecidos pela alta no preço do petróleo e pelas enchentes que destruíram as lavouras de milho no Meio Oeste" dos Estados Unidos, usadas para produzir álcool no país.

"Isso fez com que os preços do milho subissem muito e tornou a idéia de subsidiar a lavoura para produzir álcool uma idéia ainda pior do que era antes, visto que, em vez disso, há um álcool mais verde e barato que os Estados Unidos poderiam comprar do Brasil", mencionou o artigo.

A revista defende o álcool brasileiro das críticas mais comuns, como a de que a produção do biocombustível teria colaborado para o aumento mundial no preço dos alimentos e incentiva produtores a devastar trechos de floresta amazônica para aumentar a área para plantar.

"Tais preocupações são aparentemente prematuras", diz o artigo, argumentando que a área reservada para produção extensiva de gado é muito maior que a dedicada à cana e que a lavoura pode aproveitar áreas de pasto degradadas com "pouco ou nenhum efeito sobre o preço da carne".

Além disso, a revista diz que a maior parte do álcool brasileiro é produzida em canaviais "a milhares de quilômetros da Amazônia, no Estado de São Paulo ou no Nordeste". A revista The Economist reconhece que, no Brasil, os trabalhadores que atuam na colheita da cana enfrentam condições duras e que houve casos de pessoas sendo submetidas a condições de semi-escravidão ¿ outra crítica feita à produção do álcool no Brasil.

"O corte da cana é um trabalho de quebrar as costas, e todo ano algumas pessoas morrem durante a colheita", diz o artigo, que ressalta, entretanto, que outros tipos de lavoura matam mais trabalhadores rurais no Brasil. O texto conclui dizendo que, para os brasileiros, os estrangeiros que defendem barreiras ao álcool em nome do meio ambiente ou da alta dos alimentos são "protecionistas à antiga em um disfarce hipócrita" e que a tarifa "deve acabar".

Novo recorde do petróleo

O preço do petróleo cravou novos recordes ontem, no fechamento e durante as negociações na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), quando chegou perto dos US$ 143.

A expectativa dos investidores por mais desvalorizações do dólar frente a outras moedas, como o euro, o temor de escassez e fatores como tensões entre Israel, Irã e União Européia, além de riscos à produção na Nigéria, mantiveram o ritmo ascendente do preço da commodity. O barril para entrega em agosto, negociado na Nymex, fechou cotado a US$ 140,21 (alta de 0,41%). O barril do petróleo Brent, negociado em Londres, chegou a US$ 142,91.