Título: Nem inflação alta desprestigia Lula
Autor: Bruno, Raphael
Fonte: Jornal do Brasil, 01/07/2008, País, p. A7

Ibope revela que aprovação do presidente se mantém em 58%. Alta de preços assusta a 65%.

Brasília

O brasileiro nunca teve tanto medo da inflação no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pesquisa CNI/Ibope divulgada, ontem, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, mostra que 65% da população acreditam que a inflação vai aumentar nos próximos seis meses. Mesmo com o receio relativo ao aumento dos preços, a aprovação do governo no entanto, segue nas alturas, atingindo a marca dos 72%.

Desde o início do primeiro mandato do presidente Lula o brasileiro não se mostrava tão pessimista em relação à dinâmica de aumento de preços. A quantidade de pessoas que se declaraou acreditar num aumento do processo inflacionário cresceu 14 pontos percentuais, de 51% em março, mês do último levantamento CNI/Ibope, para os 65% registrados em junho. O recorde anterior havia sido em março de 2003, ainda nos meses iniciais do primeiro mandato de Lula, quando 61% temiam o aumento da inflação.

Desemprego e renda

O pessimismo do brasileiro em relação ao futuro da economia nacional também se estendeu a outros aspectos como o desemprego e a renda. Em março, 42% dos entrevistados apostavam num aumento do desemprego para os próximos seis meses. Em junho, já eram 52%. A mesma tendência foi verificada quando o assunto é renda pessoal. Apenas 37% declararam acreditar que a renda própria irá aumentar nos próximos seis meses, contra 42% de março.

Outro dado negativo para o Planalto foi o fato de que seis das oito área temáticas que integram a avaliação do governo por áreas de atuação sofreram quedas na avaliação positiva. Houve recuo dos índices de aprovação nos aspectos Combate à fome e pobreza (62% para 59%), Combate à inflação (51% para 41%), Política de taxa de juros(39% para 31%), Combate ao desemprego (55% para 52%), Política de impostos (35% para 31%) e Política de meio ambiente (60% para 53%). O governo só obteve melhoras na aprovação, e mesmo assim modestas, nas áreas de Programas sociais nas áreas de saúde e educação (60% para 62%) e Política de segurança pública (40% para 41%).

As notícias mais lembradas espontaneamente pelos entrevistados em relação ao governo Lula também não foram animadoras para o governo. As quatro mais citadas envolvem fatos que podem ser considerados como de impacto negativo para o governo. Disparado na frente, com 15% das menções, aparece o caso dos militares que entregaram três jovens para um grupo de traficantes no Rio de Janeiro. Em seguida, surgem ocorridos como a tentativa de criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), o crescimento da inflação e o aumento das taxas de juros.

Recordes históricos

Apesar dessa queda na avaliação do desempenho do Planalto em áreas específicas, o governo Lula como um todo segue contabilizando recordes históricos de aprovação. A exemplo do que já havia acontecido em março, 58% dos entrevistados avaliam o governo como Ótimo/Bom, o maior percentual desde o início do primeiro mandato. A aprovação do governo também continua em alta, próxima do recorde registrado no início do primeiro mandato. 72% declararam aprovar o governo, enquanto apenas 24% desaprovam e 3% não souberam ou não opinaram. A confiança pessoal no presidente Lula também segue elevada (68% confiam), assim como a nota média atribuída ao governo (7,0).

O Ibope entrevistou 2002 eleitores com mais de 16 anos em 141 municípios de todo o país durante o período de 20 a 23 de junho. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.