Título: Depois do trabalho, a hora da droga e da ilusão
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 02/07/2008, País, p. A3

Brasília

R. B. F., 15 anos, começou a trabalhar há quase um ano como engraxate na Rodoviária do Plano Piloto. R. deixou a casa da família, em Campos Verdes (GO), porque estava revoltado com a mãe.

Como saiu da casa da mãe, trabalho para R., agora, significa sobrevivência. Além de comida, o adolescente compra roupas, sapatos ¿ e drogas. Maconha e tinner, principalmente.

Ele cobra R$ 2 para engraxar um par de sapatos. Ganha, por dia, cerca de R$ 30. Para tanto, chega a trabalhar, em média, seis horas por dia. Parte do dinheiro ele manda para a mãe por intermédio de um motorista de ônibus.

¿ Tenho que ter meu lucro. Tenho 15 anos nas costas. Tenho que trabalhar ¿ acredita o adolescente.

J. A., 12 anos, é "colega de trabalho" de R. na rodoviária. Mas sua jornada é mais longa e chega a oito horas.

Ao contrário de R., que sonha ser piloto de avião, J. não tem sonhos e já largou a escola. (L. A.)