Título: Cresce investimento no país
Autor: Graziela Valente
Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2005, Economia, p. A17

Recursos estrangeiros e balança comercial garantem contas externas positivas

Os investimentos estrangeiros diretos no país atingiram a cifra de US$ 1,2 bilhão em janeiro, um avanço de 22,7% em relação aos US$ 993 milhões de igual mês em 2004. Já o saldo destes investimentos ficou em US$ 1,144 bilhão, avanço de 12,8% sobre os US$ 890 milhões no mesmo período do ano passado. A entrada de capital externo impulsionou o resultado do balanço de pagamentos em janeiro, que totalizou US$ 2,025 bilhões. Ainda assim, o resultado ficou 51,8% abaixo do mesmo período de 2004, que foi de US$ 4,2 bi.

Para 2005, o BC prevê que os investimentos estrangeiros no país cheguem a US$ 14 bilhões, contra os US$ 18,166 bilhões do ano passado, o que representou alta de 79,1% sobre o número registrado em 2003. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, estimou que, em fevereiro, o ingresso desses recursos somem US$ 800 milhões. No total, a conta de capitais, do qual faz parte o saldo dos investimentos externos, fechou janeiro em US$ 1,187 bi.

Outro resultado positivo das contas externas do país foi verificado nas transações correntes, que incluem os números da balança comercial e de serviços (que contabilizam os montantes relativos a viagens internacionais), rendas e transferências unilaterais. Impulsionada pelos resultados da balança comercial, a conta apresentou superávit de US$ 818 milhões, avanço de 20,2% na comparação com os US$ 680 milhões de em janeiro de 2003. O reforço de US$ 2,183 bilhões de saldo entre exportações e importações foi fundamental para neutralizar o montante negativo em US$ 1,637 bilhão resultante dos itens serviços (que incluem os resultados das viagens internacionais) e de rendas. As transferências de brasileiros que moram no exterior atingiram US$ 271 milhões.

O resultado menor do balanço de pagamentos em relação a 2004 se explica por grande aumento dos gastos líquidos com serviços (282%), com aluguel de equipamentos no exterior (78,5%), despesa com computações e informações 35,3% e 23,2% em royalties. Altamir Lopes disse que tais expansões se explicam, em grande parte, pelo crescimento do comércio internacional e conseqüente necessidade de frete e melhor estrutura de apoio.

O superávit na conta de transações correntes nos últimos 12 meses acumula US$ 11,807 bi. Isso representa 1,95% do Produto Interno Bruto (PIB) e um recorde histórico: o melhor da série iniciada em 1947 pelo Banco Central tanto nominalmente quanto em relação ao PIB. O resultado de janeiro (US$ 818 milhões) também é o melhor para o mês, de acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC.

Altamir Lopes afirmou que o BC espera que o superávit em conta-corrente seja de US$ 500 milhões em fevereiro e de equilíbrio, ou seja, saldo zero, no ano.

As reservas internacionais do país no conceito de liquidez internacional, ou seja, sem os recursos do Fundo Monetário Internacional e de outros bancos internacionais devem fechar o ano em US$ 25,256 bi. A projeção anterior era de US$ 23,399 bilhões. Segundo Lopes, a revisão da estimativa foi motivada pela compras de dólares do BC no mercado de cerca de US$ 2,562 bi no mês passado.

O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) José César Castanhar, considerou os resultados positivos.

- Apesar da queda, os indicadores essenciais, como investimentos externos e exportações, vieram com resultado forte.