Título: Petróleo crava novo recorde e fecha acima de US$ 143
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 03/07/2008, Economia, p. A18

Petrobras garante que não haverá repasse da alta para preços dos combustíveis.

O preço do petróleo fechou em alta ontem, após a queda acima do previsto nas reservas americanas da commodity na semana passada. O dado do Departamento de Energia dos EUA fez com que o barril atingisse novo recorde durante as negociações, US$ 143,91, e também no encerramento dos negócios. A tensão no Irã também afetou as cotações. O barril do petróleo cru para entrega em agosto, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), fechou o dia cotado a US$ 143,57 (novo recorde de encerramento), alta de 1,84%.

O relatório semanal de estoques do departamento mostrou uma queda de 2 milhões de barris nas reservas americanas, que ficaram em 299,8 milhões de barris ¿ a expectativa era de uma queda menor, de 1,2 milhão de barris. A queda nas reservas americana indica aumento da demanda por petróleo no seu maior consumidor mundial. Com demanda em alta, os preços tendem a subir. O preço da gasolina refletiu a expectativa de uma alta expressiva do consumo nos EUA a partir de hoje, quando os americanos começam a viajar para aproveitar o feriado prolongado do Dia da Independência, amanhã, 4 de julho.

Petrobras

O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, disse ontem, durante o 19º Congresso Mundial do Petróleo, que nenhum país está imune à alta internacional do petróleo, mas que o Brasil tem um certo grau de vacinação e que, diante disso, pode evitar que a alta dos preços do óleo chegue até o consumidor.

¿ Não vamos repassar ao consumidor a alta por causa de uma crise que é de curto prazo ¿ afirmou o presidente da estatal brasileira.

Na entrevista coletiva, Sérgio Gabrielli, disse que a lei brasileira que regula a prospecção de hidrocarbonetos "não é a melhor" para fomentar o desenvolvimento das novas descobertas na Bacia de Santos, e pediu a flexibilização da legislação.

Gabrielli assinalou que a normativa vigente foi projetada para atrair investimentos para jazidas de tipos diferentes das atuais, e não é válida nem para as zonas maduras, que necessitam aumentar as taxas de recuperação, nem para as descobertas marítimas (off-shore).

Gabrielli evitou quantificar o volume das novas jazidas Carioca, Guará, Parati e Júpiter, já que ainda se encontram em fase exploratória, mas assegurou que os resultados dos testes preliminares são "muito bons". A Petrobras deve apresentar em agosto ou setembro seu novo plano estratégico, no qual possivelmente incluirá as novas descobertas, segundo disse Gabrielli.

Além disso, trabalha na criação de uma nova filial para a produção de álcool e biodiesel, que se chamará Petrobras Biocombustível.

Quanto ao memorando para a provisão de gás natural assinado com a companhia venezuelana PDVSA para a comercialização de gás liquidificado produzido por duas novas unidades que a empresa venezuelana quer botar em funcionamento a partir de 2013, Gabrielli especificou que ainda não estão definidos exatamente os termos da relação comercial entre ambas.

O princípio de acordo prevê que a Petrobras comercialize 4 milhões de metros cúbicos de gás por dia, o que reduzirá sua dependência do gás da Bolívia.