Título: Agora, o conflito é dentro do PMDB
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2005, Brasília, p. D3

Apesar do cordato encontro entre PMDB e Frente Democrática na manhã de ontem, que serviu de ensaio para um acordo entre as duas bancadas que polarizam as forças da Câmara Legislativa, o impasse persiste. À tarde, não houve acordo dentro do próprio PMDB diante da proposta feita pelo líder Pedro Passos ao Bloco dos 14. Enquanto Passos sugeriu quatro presidências e cinco vices para seu partido, a fim de abrigar todos os distritais da legenda - aceitando ficar fora do comando das mais requisitadas: comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Economia, Orçamento e Finanças (Ceof) - alguns peemedebistas discordaram do pleito. A proposta de Passos deve ser reavaliada hoje à tarde, em reunião do PMDB. A seu favor, a legenda detém uma liminar judicial que determina que a disputa deve acontecer entre dois blocos de dez parlamentares. Os quatro restantes seriam encaixados nas comissões. Com isso, PMDB reivindicaria as presidências da Ceof e da Ética.

A proposta de ficar de fora das comissões mais importantes não foi respaldada pela bancada. A deputada Eurides Brito, assim como João de Deus, defendeu que, nos moldes determinados pela Justiça, cada bloco deve presidir uma das cobiçadas.

- Falo isso desarmada, não sou candidata a nenhuma delas. Mas não é uma visão só nossa, é também do Poder Judiciário - defendeu Eurides.

Na proposta do líder do PMDB, o partido ficaria apenas com as presidências das comissões de Assuntos Sociais (CAS), Fundiários (CAF), de Segurança e de Ética. Há ainda o propósito de rearranjar os cargos de confiança para Eurides Brito, Gim Argello e Benício Tavares, desfavorecidos, segundo Passos, na divisão.

A bancada do PT discute hoje pela manhã a proposta, que também será levada à tarde em um encontro com os membros da Frente. Ao PMDB interessa selar um acordo sem acirrar ânimos pois os 14 membros do bloco têm poder para barrar projetos do Executivo em plenário. Tal colocação seria feita na noite de ontem pelo deputado Fábio Barcellos (PFL), presidente da Casa, durante jantar que ele promoveu no Kubitschek Plaza para ''reconciliação'' dos 24 parlamentares.