Título: Niemeyer fará projeto de Sambódromo
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 22/02/2005, Brasília, p. D8

Representantes do GDF e da Liga das Escolas de Samba se reunirão com arquiteto, levando esboços feitos por ele mesmo

Representantes do GDF e da Liga das Escolas de Samba local se encontrarão com Oscar Niemeyer, nesta quinta-feira, para iniciar as discussões sobre o projeto do sambódromo, esboçado pelo arquiteto carioca há 17 anos. Os rascunhos, guardados pelo sambista Manuel Brigadeiro desde 1988, servirão de ponto de partida para a construção do Ceilambódromo. Os estudos técnicos para execução das obras foram autorizados pelo governador Joaquim Roriz, em 10 de fevereiro. Brigadeiro esteve ontem na casa do deputado federal Tadeu Fillippeli (PMDB-DF) para apresentar as seis plantas preparadas por Niemeyer, no fim dos anos 80. Os esboços prevêem a construção de uma avenida com 450 metros de cumprimento. O público se acomodaria em oito setores destinados a arquibancadas e dois blocos para camarotes - cada um contando com sua respectiva estrutura de banheiros.

- O projeto original de Niemeyer será o ponto de partida. Nos estudos, veremos se teremos de fazer algumas lapidações em face da idade do projeto - explica Fillippeli.

A intenção do GDF é construir o sambódromo em uma área de 70 mil m² entre a Administração Regional de Ceilândia e o Fórum da cidade. Os estudos preliminares definirão os custos da obra e a capacidade da estrutura. O governo pretende capacitá-la para receber eventos musicais, oficinas e o primeiro cinema de Ceilândia. Fillippeli prefere não fazer previsões sobre o término das obras e seu custos.

- Para o estudo são necessários alguns meses e para o processo de licitação, pelo menos uns quatro. Se começarmos as obras em outubro, por exemplo, fica difícil concluí-la para o carnaval - argumenta.

Para a reunião com Niemeyer, marcada para as 17h, Fillippeli será acompanhado pelo administrador de Ceilândia, Rogério Rosso, pelo secretário de Cultura, Pedro Borio, pelo presidente da Liga das Escolas de Samba, Paulo Roberto Silva e por Brigadeiro. A idéia é chegar a um desenho final para os estudos. O GDF visa executar a obra por meio de Parceria Público-Privada.

O projeto original do sambódromo estava previsto para uma área entre o autódromo e o Colégio Militar, no Plano Piloto. A idéia surgiu, relata Brigadeiro, de um sonho que tivera em 1984 e que chamara de SamBrasília. Ele conta que, em 1988, levou um disco da escolas de samba do DF para o então governador José Aparecido. Estava, por um acaso, com esboços que ele mesmo havia preparado para o sambódromo debaixo do braço. Niemeyer estava no Buriti, naquele dia.

- Fiquei aguardando a oportunidade todos esses anos. Quero ver essa obra enquanto estiver vivo - brinca Brigadeiro, hoje com 82 anos.