Título: Levy admite aumento de gastos
Autor: Sabrina Lorenzi e agências
Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2005, Economia, p. A17

Secretário diz que despesas serão 'dinâmicas'

O secretário do Tesouro. Joaquim Levy, deu uma má notícia ontem, durante passagem pelo Rio. Segundo ele, os gastos do governo federal sofrerão um aumento neste ano. Em vez de falar claramente em crescimento de despesas, ele preferiu usar a expressão ''dinâmica mais extensa''. - Depois de dois anos, o governo assumiu alguns compromissos para 2005. Então, neste ano, a dinâmica será mais extensa. Neste ano foram negociadas diversas e importantes reavaliações de carreiras que terão um impacto - disse. - É uma conta a que tem que se prestar atenção? É. O governo foi responsável até agora? Foi. O ano de 2005 vai ser um pouquinho mais dinâmico? Será. Vamos acompanhar e ver depois 2006.

De acordo com dados oficiais, as despesas totais do governo federal atingiram 16,67% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003 e aumentaram para 17,4% em 2004. O governo ainda não editou o decreto de reprogramação da previsão de gastos para 2005.

Levy afirmou que, apesar do aumento nos gastos com pessoal em 2005, a porcentagem em relação ao PIB pode não sofrer grande alteração se o país apresentar crescimento satisfatório.

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, preferiu desviar o foco do debate da Selic para outras taxas de juros do mercado. Ele sinalizou que ''todo o trabalho de redução da vulnerabilidade externa'' resultará em juros mais baixos, desde a taxa básica, atualmente em 18,25% ao ano, aos custos de cheque especial, que superam com folga os 140% anuais.

- O aumento ou a queda da taxa de juros é uma discussão técnica em função de preços. O que nós temos que olhar é por que a taxa de juros no longo prazo é alta - afirmou Meirelles.

O presidente do BC aproveitou ainda para rebater as críticas de aumento dos juros ao dizer que a atual política monetária está dando certo, sem, até então, afugentar o crescimento econômico.

Em discurso no seminário Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2005, realizado na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Meirelles exibiu, mais uma vez, indicadores positivos da economia brasileira.

- Não é apenas redução cambial, não é apenas redução de dívida, mas sim o conjunto de fatos que mostra redução da vulnerabilidade externa - disse Meirelles.