Título: Dólar fecha abaixo de R$ 2,60
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Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2005, Economia, p. A18

Banco Central não conseguiu segurar cotação, a menor desde junho de 2002

O dólar comercial fechou ontem abaixo do patamar de R$ 2,60 pela primeira vez desde 4 de junho de 2002. A moeda americana terminou o dia cotada a R$ 2,578 para compra e R$ 2,58 para venda, queda de 0,92%, a despeito do leilão de compra realizado pelo Banco Central, que adquiriu dólares pagando R$ 2,584.

No ano, segundo pesquisa realizada pela Bloomberg, o real permanece como a moeda com maior valorização acumulada em relação ao dólar. Desde janeiro, a divisa americana recuou 2,80%. O ranking da agência de notícias americana leva em consideração as 16 moedas mais importantes do mundo.

A previsão de entrada de recursos captados no exterior por empresas e bancos contribuiu para o recuo da cotação ontem. No mercado internacional o dólar também perdeu valor ontem frente a moedas fortes como o euro, iene e libra.

Outro fator de pressão no câmbio é a expectativa de alta de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros - para 18,75% - na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária do BC (Copom). De acordo com pesquisa realizada pela Bloomberg com 26 economistas, 16 projetam elevação de 0,5 ponto na Selic.

- No Brasil, a expectativa de taxas de juros mais altas está deixando o real mais forte. A taxa atual de 18,25% ao ano, comparada com os 2,5% nos Estados Unidos ou com os 2% da União Européia, atrai grande fluxo de investidores de olho em retorno elevado - disse AlexandreVasarhelyi, do ING Bank NV.

Segundo o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, o mercado espera que a moeda americana feche fevereiro no preço de R$ 2,65. Mas é bom lembrar que, no mês passado, os analistas ouvidos pelo BC erraram suas projeções. Para o final deste ano, eles apontam um valor de R$ 2,86.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a expectativa de alta dos juros aliada à forte queda das ações da Telemar - que tem o maior peso no pregão e anunciou ontem demissões em massa - fizeram o Ibovespa fechar o pregão em queda de 0,52%, com 26.531 pontos e volume financeiro de R$ 1,567 bilhão.

A ação preferencial da Telemar finalizou os negócios em queda de 1,34%, cotada a R$ 42,51.

O risco-Brasil, medido pelo J.P. Morgan, chegou a operar abaixo dos 400 pontos, mas no início da noite registrava 402 pontos, recuo de 0,49%. O indicador opera acima dos 400 pontos desde 3 de janeiro, quando registrou 385 pontos. A trajetória de baixa do indicador voltou a se acentuar depois que os investidores afastaram as projeções de alta brusca nas taxas de juros americanas.

Na prática, o patamar de 400 pontos significa que os títulos da dívida externa do país pagam ao investidor taxa de retorno de 4% ao ano acima da paga pelos papéis do Tesouro dos Estados Unidos.