Título: Brasil mais perto de Chávez
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2005, Economia, p. A19

Braskem, Embraer e BNDES apostam na Venezuela

CARACAS e RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante encontro com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que a expectativa do governo brasileiro é dobrar o comércio com o país vizinho em 2005. No ano passado, o fluxo comercial entre ambos foi de US$ 1,6 bilhão, contra US$ 800 milhões em 2003. Para este ano, a expectativa do governo brasileiro é de US$ 3 bi.

- Essa associação dará complementaridade inédita às nossas duas economias - disse Lula a empresários.

Dentro destes esforços propostos pelos governos dos dois países, a petroquímica Braskem decidiu incorporar a Venezuela à sua estratégia de expansão internacional.

A empresa anunciou ontem a assinatura de um memorando de entendimentos com a Pequiven, braço petroquímico da Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA), para avaliação de oportunidades de novos negócios. Um executivo da empresa revelou ao Jornal do Brasil que os estudos podem resultar na construção de uma nova unidade petroquímica naquele país, com vistas a aproveitar os excedentes identificados no mercado venezuelano de eteno e propeno, matérias-primas para a indústria de termoplásticos.

O acordo, segundo esse mesmo executivo, prevê apenas a análise de empreendimentos em território venezuelano, sem contrapartidas como a entrada da Pequiven em projetos da Braskem no Brasil ou no exterior. Além de abastecer o mercado venezuelano, a unidade poderia fornecer termoplásticos para países da América Latina e para os EUA.

Também de olho na maior integração, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, ratificou ontem, junto ao governo venezuelano, contratos de financiamento no valor de até US$ 235 milhões para obras de infra-estrutura na Venezuela.

Outro acordo que esteve na pauta de Lula e Chávez foi a compra de 26 aviões Tucanos e 12 AMX fabricados pela Embraer. O representante da Embraer na Venezuela, Joany Reis, informou que o programa terá um custo de US$ 300 milhões em dois anos.

- A contrapartida seria o empenho de se montar uma pequena indústria na Venezuela para a fabricação de aviões agrícolas - disse Reis.