Título: PMDB joga cartada final pelas comissões
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 15/02/2005, Brasília, p. D3

Frente não abre mão das duas mais importantes e partido do governador ameaça rejeitar todas as indicações da Câmara

Ainda restam algumas horas para que a bancada do PMDB na Câmara Legislativa tente uma cartada final e consiga emplacar uma das duas comissões que considera mais importantes na Casa - as Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Economia, Orçamento e Finanças (Ceof). Desde domingo, os membros da Frente Democrática, bloco formado por 14 distritais e que hoje detêm hoje maioria na Câmara, tentam achar uma proposta que satisfaça o partido do governador Joaquim Roriz, mas não inclua a presidência das duas comissões. Sob risco de não ver suas reivindicações atendidas, o PMDB ameaça rejeitar todas as indicações para presidência das comissões. No início da noite de ontem, os líderes dos dois pólos protocolaram listas com indicação de seus membros para composição das comissões. Com direito a três integrantes em apenas uma comissão, o líder peemedebista Pedro Passos acomodou três distritais em duas delas. Deixou nas mãos do presidente da Casa, Fábio Barcellos (PFL), a decisão de filtrá-las.

Na lista da Frente Democrática, o único espaço vago para que PMDB indicasse cinco parlamentares estava na Comissão de Segurança. Assim que recebeu a lista, Barcellos procurou os colegas do bloco durante toda a noite para definir o que fazer. A lista final das composições será publicada no Diário da Câmara Legislativa de hoje.

- Alguns distritais mais xiitas querem fazer este tipo de imposição. Eles não podem querer fazer a minoria virar maioria. É mais fácil conseguir a presidência do que colocar três membros na CCJ ou Ceof - afirmou a deputada Arlete Sampaio (PT), líder do bloco ao qual pertence o presidente da Casa.

Para ambos os blocos é importante ter maioria nas comissões porque são os cinco membros de cada uma que votam as decisões e escolhem o presidente, na eleição marcada para hoje. Para a CCJ, estão indicados os peemedebistas João de Deus, Anilcéia Machado e Eurides Brito. Para a Ética, João de Deus, Odilon Aires e Jorge Cauhy.

Na semana passada, a Frente Democrática chegou a tentar negociar a presidência da Ética com o PMDB. Passos, porém, afirma que o partido não sai beneficiado. A única opção de acordo sem cogitar a CCJ e a Ceof, para ele, seria emplacar cinco comissões, enquanto à Frente sobrariam quatro.

- Podemos ficar fora de todas, pois não estamos dispostos a tudo como eles. Esse discurso de igualdade não está encontrando eco aqui - diz Passos.

Caso realmente os peemedebistas desistam das presidências, a Frente teria apenas sete membros possibilitados para ocupar as nove vagas. Haveria a necessidade de alterar o Regimento Interno da Casa, pois não é permitido que o mesmo distrital dirija duas comissões.

Diante do impasse na Casa pela composição das comissões e preocupados com a promessa de apoio da bancada do PMDB federal ao candidato oficial do PT à presidência da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalgh, membros do PT nacional tentaram intervir nas negociações. Além do próprio Greenhalgh, os distritais foram procurados no fim de semana pelo presidente do partido, José Genoino, e pelo vice-líder do governo, deputado federal Sigmaringa Seixas.