Título: Lula promete ampliar as investigações da PF
Autor: Ribeiro , Fernando Taquari
Fonte: Jornal do Brasil, 25/06/2008, País, p. A7
A Operação João de Barro, da Polícia Federal (PF), que descobriu desvios de recursos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), terá investigação complementar dentro do governo, garantiu, ontem, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com ele, a investigação terá o objetivo de fiscalizar se o dinheiro de fato está sendo aplicado no programa, considerado a principal bandeira do segundo mandato do governo Lula.
¿ O PAC está sofrendo investigação por parte do próprio governo ¿ disse o presidente. ¿ É a Controladoria-Geral da União (CGU) que está fazendo a investigação. É importante na medida que fazemos convênios com as prefeituras, que haja um acompanhamento do dinheiro federal enviado ao município para saber se está sendo aplicado corretamente
Lula fez estas declarações, demonstrando muito bom humor, durante encontro com empresários para discutir os direitos humanos.
A Casa Civil solicitou, anteontem, uma auditoria sobre todos os contratos de repasse para as prefeituras suspeitas de irregularidade. A CGU assegurou que o trabalho será coordenado por uma força tarefa de auditores e técnicos da Caixa Econômica Federal.
Qualidade da obra
A controladoria acrescentou ainda que irá fiscalizar as licitações e a qualidade da obras que já tiveram os recursos liberados. No total, serão analisados 268 contratos de obras de saneamento e habitação popular, que somam R$ 2,036 bilhões.
¿ (A investigação) é sinal que queremos que cada real que o governo transfere seja aplicado na obra que foi contratada e que não precisa de intermediários ¿ salientou Lula.
A PF desbaratou a operação na sexta-feira da semana passada. Foram presas 26 pessoas, em sete Estados mais o Distrito Federal, acusadas de participação no esquema.
As investigações da PF identificaram a liberação de R$ 700 milhões através de convênios com ministérios e emendas parlamentares. Os deputados mineiros, João Magalhães (PMDB) e Ademir Camilo (PDT) são suspeitos de terem apresentado emendas ao Orçamento para prefeituras em troca de propina de 10% do valor das obras.
Obras no Rio
Sobre a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) de embargar as obras do projeto Cimento Social, no Morro da Providência, Lula disse que não costuma comentar decisões da Justiça.
¿ Vamos aguardar a decisão do Poder Judiciário ¿ salientou. ¿ É muito difícil um presidente da República dar palpite numa decisão da Justiça, mesmo que seja em primeira instância.
O juiz Fábio Uchoa, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral no município do Rio, considerou o programa Cimento Social como eleitoreiro, uma vez que foi posto em prática pelo senador Marcelo Crivella (PRB), pré-candidato à prefeitura carioca.