Título: PF afirma ter provas suficientes
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2005, País, p. A5

A Polícia Federal já recolheu provas e informações suficientes para indiciar por formação de quadrilha o dono do grupo Opportunity, Daniel Dantas. Como publicou ontem o JB, relatório da Divisão de Inteligência Policial da PF mostra que o banqueiro montou um órgão paralelo de inteligência para investigar desafetos. Dantas e Carla Cico, presidente da Brasil Telecom, são apontados como líderes da organização que utilizou a estrutura da empresa Kroll Associates para investigações ilegais.

Dantas deverá ser indiciado assim que a PF fizer a perícia no disco rígido do computador do Opportunity. O banco de dados foi recolhido em busca na sede do grupo, no Rio, autorizada pela Justiça, que agora não permite a análise das informações.

As investigações mostram que Dantas tem vínculos com a Kroll Associates desde 2000. Ele e Carla Cico tinham reuniões com os representantes da empresa na sede do Opportunity, no Rio. Participavam destas reuniões os funcionários da Kroll na Inglaterra, entre eles Omer Erginsoy, William Goodall e Charles Carr. Nas reuniões, Dantas e Carla davam orientações aos espiões da Kroll sobre os investigados, como o então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e o secretário de Comunicação do governo, Luiz Gushiken.

A organização criminosa divulgou sigilos e a intimidade de pessoas físicas e jurídicas para, de alguma, forma obter vantagens. Foram divulgados documentos de vários órgãos públicos. Para ter acesso aos dados, a organização corrompia servidores públicos.

Os subrelatórios da PF confirmam a violação de dados do Banco Central e da Caixa Econômica Federal. As informações levantadas abasteciam os relatórios que os investigadores da Kroll incluíam nos relatórios enviados para o Opportunity.

Em 6 de maio do ano passado, a espiã Júlia Cunha enviou material protegido por sigilo ao também espião Tiago Verdial, referente à tela de consulta do sistema de dados gerenciado pela Caixa (PIS/CEF), só acessível mediante senha pessoal. O casal de espiões tinha sido contactado por Willian Goodall, na Inglaterra. Em 30 de abril, Júlia, em mensagem endereçada a Tiago e William Goodall difundiu dados protegidos por sigilo bancário, divulgando tela do Sistema do BC.