Título: ...e assim acabou a Brizolândia
Autor: Máiran, Paula; Braga, Carlos
Fonte: Jornal do Brasil, 08/07/2008, País, p. A2

Templo de debates políticos fervorosos e cenário de pancadarias em nome da ideologia nos anos 80, quando militantes se digladiavam em nome da política, a Brizolândia definha a olhos nus diante da ausência de seu principal articulador, Leonel Brizola. Bem embaixo da Câmara dos Vereadores, o reduto de pedetistas só não morreu, porque, diariamente, Marly Koplin defende com unhas e dentes a barraca com a bandeira do PDT na mesa.

Outrora um ponto obrigatório para políticos e militantes do partido, o lugar virou campo de batalha de uma pessoa só. Marly lembra os bons tempos em que recebia calorosamente seus participantes.

¿ O pessoal se reunia para discutir sobre política. Eram cerca de 200 pessoas aqui, onde nós brigávamos e fazíamos as pazes ¿ lembra Marly, que resgata alguns nomes tarimbados da política fluminense, como Marcello Alencar, Anthony Garotinho e até o atual prefeito da cidade. ¿ O Cesar Maia vinha de 15 em 15 dias, só pra fazer campanha.

Professora aposentada, Marly recebe alguns pedetistas, mas nenhum deles fica para esboçar uma reestruturação da Brizolândia. Para a aposentada o esvaziamento da Brizolândia é ocasionado pela falta de apoio dos políticos. Para o deputado estadual e candidato do PDT à prefeitura, Paulo Ramos o governo tem sua parcela de culpa.

¿ O fato do PDT ter perdido poder político e os governos não privilegiarem o debate político faz com que o lugar fique quase abandonado ¿ diz Ramos, que promete uma reestruturação do lugar. ¿ Estou incluindo no plano de governo um espaço para o debate e a Brizolândia vai ser reerguida.

O trabalho não vai ser fácil. O JB consultou 10 jovens, na Cinelândia, para saber se conheciam a Brizolândia. Nenhum sabia o que aquele nome estranho significava, mesmo estando a alguns passos da barraca de Marly Koplin.

¿ Hoje a política é muito menos presente na vida das pessoas. A sociedade foi se distanciando do debate político e arrastou a juventude ¿ lamenta Paulo Ramos.