Título: Chalabi diz ter apoio da Aliança
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2005, Internacional, p. A7

Ahmed Chalabi, líder de uma das formações da Aliança Unificada Iraquiana (AUI), que venceu as eleições de 30 de janeiro, afirmou ontem ter o apoio desta coalizão para ocupar o cargo de primeiro-ministro do Iraque.

- Fui indicado para o cargo de premier. Vou trabalhar com meus colegas para conquistar o posto - disse Chalabi à CNN. - Tenho o apoio da Aliança.

Chalabi admitiu que há ''outros dois candidatos'' ao cargo, mas ''todos amigos''.

- Vamos trabalhar juntos e avançar no processo democrático - garantiu.

Segundo publicou o jornal The New York Times ontem, Chalabi concorre com o vice-presidente Ibrahim al Jafari e com o ministro das Finanças, Adel Abdel Mehdi.

- Não são mais que três candidatos: Jafari, Adel e eu - declarou o iraquiano.

A Aliança Unificada Iraquiana, apoiada pelo grande aiatolá Ali al Sistani, venceu as eleições legislativas iraquianas com 47,6% dos votos. A Aliança é integrada principalmente pelo partido islâmico Al Dawa, o Conselho Superior da Revolução Islâmica no Iraque (CSRII) e o Congresso Nacional Iraquiano (CNI), dirigido por Chalabi.

Entretanto, contrariando a tendência do Irã, a Aliança afirmou que não tenta converter o Iraque em um Estado religioso e que consultará todas as entidades políticas e etnias sobre o futuro governo do país. A afirmação foi feita por Abdel Aziz al Hakim, líder da Assembléia Suprema para a Revolução Islâmica (ASRI), que encabeça a lista da AIU.

Em entrevista à rede Al Arabiya, Al Hakim assinalou que a AIU não exige que a Sharia, ou Lei Islâmica, seja a única fonte de legislação na Constituição do país, que será elaborada pela nova Assembléia Nacional.

- O que queremos é que o Islã seja a religião do Estado, que se respeite a entidade cultural islâmica dos iraquianos e que não sejam adotadas decisões contrárias às doutrinas islâmicas - disse o líder da ASRI.

Além disso, Al Hakim garantiu que a aliança vai manter um diálogo com todas as facções políticas do país, ''quaisquer que sejam suas orientações, com exceção dos terroristas''. ''Terroristas'' é o termo usado por ele para descrever membros do Partido Baath, do ex-presidente Saddam Hussein, ''cujas mãos não estão manchadas com sangue dos iraquianos'', acrescenta Al Hakim.

Sobre a atribuição dos principais postos de responsabilidade, tais como o de presidente, primeiro-ministro e presidente do Parlamento, o líder xiita lembrou que depende dos outros grupos no Parlamento:

- Cada grupo tem o direito de apresentar seus candidatos. Não vetaremos ninguém. Não queremos perder nenhuma parte, mas tentaremos formar alianças com várias delas.

Mas Al Hakim deixou claro que as opiniões de Sistani, a maior autoridade do xiismo no Iraque, ''serão respeitadas'', e que a AIU ''não atuará contra suas orientações''.