Título: Em público, Mendes e Genro negam atritos
Autor: Quadros, Vasconcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 16/07/2008, País, p. A2

Chamados ao Palácio do Planalto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aparar as arestas e apagar a crise institucional entre Judiciário e Executivo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, cumpriram o combinado.

Negaram divergências, prometeram reformas no processo penal para impedir episódios de abuso de poder e posaram para as câmeras na tentativa se sinalizar a paz entre os Poderes, depois de travarem, em cantos opostos, um embate público pela imprensa.

Novos projetos

Lado a lado, no Palácio do Planalto, Genro e Mendes enfatizaram a promessa de novos projetos de reforma no código penal e atribuíram a uma "coincidência" o afastamento do delegado Protógenes Queiroz da chefia da operação Satiagraha, pivô das altercações entre STF e Polícia Federal, da qual o ministro da Justiça é chefe hierárquico.

¿ A saída de Protógenes faz parte da rotina da PF, depois de dez anos na ativa, o policial é encaminhado a uma reciclagem ¿ disse Genro. ¿ A coincidência de sua saída com a operação é apenas isso, uma coincidência. Até porque o inquérito está 99% pronto.

O encontro entre Gilmar Mendes e Tarso Genro no gabinete presidencial durou cerca de uma hora e meia e foi acompanhado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça e ex-presidente do STF. Jobim, inclusive, esteve no gabinete de Mendes ants da reunião, com quem teve uma conversa prévia. Em seguida, os dois seguiram juntos para o gabinete do presidente Lula.

Na entrevista concedida depois da reunião, o desconforto da situação era visível. O presidente do Supremo ¿ que um dia antes havia declarado Tarso "incompetente" para decidir inquéritos ou casos de prisão preventiva ¿ disse que a cobertura da imprensa ao atrito entre poderes foi "superlativa".

¿ Acho que o uso de alguma expressão técnica por mim não foi entendida por algumas pessoas. Quando disse que Tarso não teria competência para opinar sobre as decisões do inquérito da operação Satiagraha, quis dizer que a decisão sobre prisão preventiva não pertence à esfera do Ministério da Justiça ¿ justificou-se.

¿ Não há nenhum tipo de estremecimento entre o Poder Executivo e o Judiciário ¿ reforçou Genro. (K. C.)