Título: Meirelles prepara terreno para mais aumento de juros
Autor: Totinick, Ludmilla
Fonte: Jornal do Brasil, 16/07/2008, Economia, p. A17

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que a pressão inflacionária não se restinge a alimentos. A menos de 10 dias da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide a taxa de juros do país, Meirelles reforçou que a instituição fará o que for necessário para fazer a inflação convergir para o centro da meta de 4,5% em 2009. Disse que até lá o aperto monetário, iniciado em abril, surtirá "efeito máximo".

¿ O BC trabalha sempre com essas defasagens ¿ disse. Meirelles não quis falar se ultrapassará o teto de 6,5% este ano.

Ele apresentou dados que mostram que o núcleo de inflação, medida pelo IPCA ¿ que exclui a inflação dos alimentos e dos preços administrados ¿ acumulou alta de 5,38% nos últimos 12 meses encerrados em junho. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 63% da inflação aferida no último mês veio dos alimentos. Neste caso, alertam especialistas, o aumento de juros não surtiria efeito direto.

Câmbio

Meirelles disse que as operações chamadas de swap cambial reverso, nas quais investidores são remunerados com juros quando apostam na variação do câmbio, fazem parte da política do governo para aumentar a resistência da economia do país em relação a eventuais crises. Nos contratos de swap (troca, em inglês), cada uma das pontas que negociam se compromete a pagar a oscilação de uma taxa ou um ativo (no caso do contrato cambial, as mudanças no dólar). Para Meirelles, as operações são um dos principais pilares para a constituição da resistência da economia brasileira. O presidente do BC rebateu críticas do senador Eduardo Suplicy (PT) sobre prejuízos nessas operações. Só em maio, o prejuízo foi de US$ 2 bilhões.

¿ Os custos das operações são muito variáveis em função da evolução das cotações da moeda ¿ respondeu.