Título: Tráfico, milícia e clientelismo formam currais
Autor: Dantas, Cláudia; Migliaccio, Marcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 15/07/2008, País, p. A2

O JB começou a publicar, no último domingo, série de reportagens sobre o impacto da atuação do tráfico de drogas e das mlícias, assim como de grupos políticos, na formação de currais eleitorais urbanos na campanha eleitoral deste ano.

De acordo com o TRE, cerca de 500 mil eleitores vivem em territórios dominados por grupos criminosos armados, acusados de cercear o direito de ir e vir de candidatos para impor suas próprias indicações aos moradores. Pelo menos 100 favelas do Rio, segundo a Secretaria de Segurança Pública, estão sob o domínio de milícias.

Além disso, nesses territórios fechados, centros sociais são mantidos por políticos que ali oferecem ações assistencialistas à população pobre em troca de votos. Nesses locais, o poder público revela-se ausente e quando os políticos não são eleitos, costumam punir os eleitores com o fechamento de seus centros de atendimento social.

Rio das Pedras

Exemplo de território dominado por grupo armado é a favela que fica Barra, de onde o candidato Marcelo Crivella foi convidado a se retirar ontem. Os cerca de 80 mil moradores da comunidade enfrentam o jugo de uma milícia com braço político. A polícia investiga como suspeito de ser o representante da milícia local na Câmara o vereador Nadinho (DEM), do mesmo partido da candidata Solange Amaral e do prefeito da cidade, Cesar Maia.

Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, também é investigado pelo assassinato do inspetor Félix dos Santos Tostes, ex-líder da comunidade que pretendia se candidatar a vereador. Nadinho foi apontado como o mandante e ficou preso pelo crime por 24 dias no final do ano passado. Solto pela juíza Maria Angélica Guimarães, da 4ª Vara Criminal, ele voltou a atuar na Câmara e é candidato à reeleição pelo DEM.