Título: Religião garante confiabilidade aos candidatos
Autor: Dantas, Cláudia; Migliaccio, Marcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 15/07/2008, País, p. A2

Em 1985, o candidato à prefeitura de São Paulo Fernando Henrique Cardoso, líder nas pesquisas, perdeu as eleições para Jânio Quadros porque se declarou ateu três dias antes do pleito. Embora em primeiro lugar nas pesquisas até o último dia de campanha, Jandira Feghali viu a vaga no Senado, em 2006, esvair-se em direção ao candidato da Igreja Católica, Francisco Dornelles. Na véspera das eleições, clientes da Tim e da Oi receberam mensagens de texto, via celular, pedindo votos contra a deputada "por pregar a não existência de Deus e defender o aborto".

As derrotas são exemplos emblemáticos da influência da religião nas urnas, classificada por Frei Betto como "retrocesso". Para o religioso, todos os candidatos devem ter o mesmo tratamento destinado a Crivella ¿ recebido ontem pelo arcebispo emérito do Rio, dom Eugenio ¿ de modo a não favorecer qualquer candidatura.

¿ As questões religiosas têm influenciado muito as eleições do Rio. Espero que se respeite a posição de cada candidato. Ou recebe todo mundo ou não recebe ninguém ¿ defende.

Estar ao lado de um líder religioso garante ao candidato a confiança dos eleitores, segundo o teólologo Leonardo Boff. Ao se aproximar de dom Eugenio, Crivella pretende se aliar à moral conservadora e afastar dos católicos o preconceito contra a Igreja Universal.

¿ Ele quer se distanciar da Igreja Universal. Já renunciou a ser bispo e agora tenta conquistar a fatia da Igreja Católica que tende a essa moral ¿ avalia Boff.

O pastor da Igreja Cristã de Ipanema, Edson Fernando, apóia o diálogo de Crivella com outras religiões:

¿ Para ser prefeito, ele tem que conversar com outras bases, de todas as religiões, até do candomblé.