Título: Preços no atacado disparam, mas no varejo, desaceleram
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/07/2008, Economia, p. A18

Produtos agrícolas forçam alta de 2% no IGP-10 em apenas um mês

Reuters

Os preços no atacado brasileiro continuam em aceleração, devido sobretudo do setor agrícola, mas no varejo a inflação continua dando sinais de arrefecimento, segundo dois índices divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) ontem. O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) contrariou a previsão do mercado e subiu em ritmo mais forte, em 2% neste mês, ante avanço de 1,96% em junho. Analistas previam alta de 1,88%, de acordo com a mediana de 10 estimativas, que variaram entre 1,75% e 1,96%.

O IGP-10 é formado 60% pelos preços no atacado, 30% pelo varejo e 10% pela construção civil.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), por outro lado, veio melhor que o esperado, subindo 0,69% na segunda prévia de julho, ante alta de 0,79% na abertura do mês. Foi a menor leitura desde o início de abril.

"Internamente, além dos preços do petróleo, os índices de inflação domésticos são outra variável importante para determinar se a curva dos DIs (juros futuros) vai se firmar em baixa e para formar um quadro mais definido de apostas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana", disse em nota Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) têm mostrado queda em pregões bastante voláteis, corrigindo as fortes altas anteriores e reagindo a melhores números de inflação. O Copom reúne-se na próxima semana para definir a taxa Selic e ainda há uma divisão entre os economistas sobre se a alta será de 0,50 ou de 0,75 ponto percentual.

Entre os três componentes do IGP-DI, o Índice de Preços por Atacado (IPA) foi o único a acelerar a alta, para 2,54% em julho contra 2,21% no mês passado.

O IPA agrícola saltou 4,66%, ante avanço de 2,62% em junho. Já o IPA industrial subiu 1,71% neste mês, abaixo da variação de 2,06% no passado.

As maiores elevações de preços no atacado vieram de soja em grão, bovinos, aço semi-acabado ao carbono, carne bovina e milho em grão.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,65%, abaixo da variação de 0,93% em junho. O grupo alimentação desacelerou a alta, para 1,56% em julho, contra 2,40% em junho.

No IPC-S, a desaceleração da inflação também veio de uma menor variação do grupo Alimentação, para 1,56% na segunda leitura de julho, ante 1,93% na primeira.

Os principais alimentos em queda nos IPCs foram mamão papaia, alface, vagem e banana prata.

Também desaqueceu-se a alta do grupo vestuário, para 0,09%, ante 0,40%.

O IGP-10 foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 11 de junho e 10 de julho. O IPC-S mediu a variação dos preços entre os dias 16 de junho e 15 de julho.