Título: Impacto das tarifas de energia elétrica será ameno, diz Aneel
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/07/2008, Economia, p. A18

Reuters

Apesar da contínua alta dos índices de preços, os reajustes das tarifas de energia elétrica que serão discutidos em 2009 não devem ser motivo de maiores preocupações para o Banco Central, segundo avaliação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O indicador utilizado no reajuste das tarifas é o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), mas o impacto da alta apurada não será completamente repassado ao consumidor.

¿ Essa análise simplista de que o setor elétrico segue o IGP-M não é verdadeira ¿ afirmou o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, em entrevista à Reuters.

No último levantamento feito pelo BC com analistas de mercado, as projeções para a variação do IGP-M indicavam uma alta de 11,92% para o índice em 2008.

Mas a variação do índice gera impacto em apenas 25% da conta final de luz.

¿ O resto são custos que a distribuidora arrecada e passa adiante... é para pagar a geração, a transmissão, impostos ¿ disse Kelman.

Alguns desses custos têm sofrido reajustes negativos, como é o caso da energia comprada de Itaipu, que segue a variação do câmbio. Com a desvalorização do dólar, que atingiu 17% no ano passado e acumula este ano uma queda de 10%, o efeito é positivo em termos de inflação.

As revisões tarifárias, feitas de quatro em quatro anos, também devem contribuir para que o impacto da conta de luz na inflação ao consumidor seja mais ameno.

O risco de falta de energia, que poderia contribuir para uma desaceleração econômica, também foi minimizado por Kelman.

Racionamento

No início do ano, o diretor-geral da Aneel chegou a alertar sobre os riscos de racionamento de energia em 2008, por conta da falta de chuvas em algumas regiões do país. Cerca de 85% de toda energia produzida no Brasil é proveniente de hidrelétricas.

¿ Para 2009 eu estou mais tranquilo, acho que o momento preocupante foi realmente no início do ano ¿ disse.

Além da retomada das chuvas, Kelman afirmou que a entrada em operação das termelétricas, ao custo de R$ 1 bilhão, ajudou a melhorar o cenário. A oferta de energia produzida a partir de biomassa, como o bagaço da cana-de-açúcar, também dá alento à visão mais otimista do chefe do órgão regulador.

No final do mês, será realizado um leilão desse tipo de energia, e Kelman acredita que o impacto para 2009, em termos de energia disponível ao sistema, já será significativo.

¿ Não estou aqui dizendo que a probabilidade (de problemas) é zero. Somos hidrelétricos, e o risco hidrológico puro é de 5% ¿ disse.