Título: Nahas já teve 6% das ações da Petrobras
Autor: Filgueiras, Maria Luíza
Fonte: Jornal do Brasil, 14/07/2008, País, p. A11

O investidor Naji Nahas, acusado de participar do esquema do banqueiro Daniel Dantas, chegou ao Brasil no começo de 1970 com US$ 50 milhões no bolso. No fim dos anos 1980, se tornou um dos maiores investidores de ações do País. Em junho de 1989, deixou de honrar financiamentos tomados para comprar papéis e desencadeou uma da piores crises no mercado de ações brasileiro. Sozinho, chegou a controlar 6% dos papéis da Petrobras e 10% da Vale.

Seus oponentes no mercado de opções o acusavam de manipular o mercado para fazer os preços das ações caírem ou subirem. Ele negociava, sem ter as ações, um contrato de opções de venda e pouco antes de ter que entregar os papéis manipulava o mercado à vista para que os preços caíssem e o comprador desistisse das ações. quando a bolsa paulista movimentava a bagatela de US$ 30 milhões como média diária (hoje são US$ 4 bilhões), não era preciso ter "muita bala" para manipular os preços. Para interferir no mercado, Nahas tomava dinheiro emprestado de bancos e, diziam fontes, fazia negócios até consigo mesmo por meio de laranjas.

A situação começou a mudar quando duas grandes instituições financeiras internacionais entraram no mercado de capitais. Para Nahas, o fim de seu reinado aconteceu numa queda de braços com Eduardo da Rocha Azevedo, então presidente da bolsa paulista. Nahas o acusou de ter pressionado bancos que o financiavam para que cortassem seu crédito. O resultado foi a quebra do investidor e uma acusação pela quebra da Bolsa do Rio, em 1989.

Em sua defesa, Nahas, alegou que uma mudança nas regras de negociações de ações, feita de maneira arbitrária e imediata pelo presidente da bolsa, sob influência de investidores importantes, causara a sua derrocada e a da bolsa. Nahas foi proibido de operar na bolsa. Mas segundo fontes do mercado, ele nunca deixou de atuar. Em 2004, foi inocentado de todas as acusações.