Título: Leite materno reduz índices de mortalidade
Autor: Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 04/07/2008, País, p. A3

A amamentação é um indicador da pesquisa que merecerá do ministério uma atenção especial nos próximos anos. Apesar de 96,4% das mães entrevistadas terem afirmado que amamentaram seus filhos pelo menos uma vez, apenas 40% usam o leite materno como único alimento do bebê até os seis meses de vida.

Estatísticas do Ministério da Saúde mostram que cerca de 7 mil mortes de bebês poderiam ser evitadas se eles tivessem sido amamentados na primeira hora de vida. Ainda assim, a elevação do número crianças recém-nascidas que foram amamentadas nesse momento aumentou em apenas 10% em uma década. Já o aleitamento nas primeiras 24 horas de vida subiu consideravelmente, indo de 70,8% para 99,5% no mesmo período. O numero de bebês que já consumiam comidas com sal antes do quinto mês de vida era de 22%.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, aproveitou a divulgação dos números para, mais uma vez, defender a licença-maternidade de seis meses. Na opinião do ministro, os números da amamentação e da introdução precoce de alimentos inapropriados para os bebês são um reflexo direto das novas estruturas de trabalho, nas quais a mulher está cada vez mais presente no mercado. Mais de 75% das entrevistadas declararam já ter tido algum tipo de trabalho.

O aumento observado na amamentação foi um dos fatores que contribuíram para a queda, em 44%, da mortalidade infantil. Atualmente, a taxa brasileira é de 21,2 para cada mil nascidos vivos. O Ministério da Saúde garantiu que atingirá a taxa de 14,4 até 2012. Para o ministro, a queda da desnutrição infantil é resultado de um conjunto de políticas públicas, em especial, o Bolsa Família.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Elza Berquó, de 2004 para 2006, só houve evolução na segurança alimentar de famílias inscritas nos programas assistenciais. De 33% para 39%. A segurança alimentar nas outras famílias nesse mesmo período permaneceu a mesma: 69%.

O percentual de crianças que tiveram acesso aos serviços de saúde foi de 18,2% em 1996 para 49,7% em 2006. O Sistema Único de Saúde foi responsável pelo atendimento da maioria das crianças: 67,7%. (L. A.)