Título: BNDES multiplica crédito para petróleo
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2005, Economia, p. A19

Recursos do banco para setor extrativo mineral terão aumento de 984,5% neste ano. Projetos da Petrobras serão contemplados

A indústria extrativa e o setor de metalurgia terão o maior crescimento dentro da carteira de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para este ano, com expansão de 984,5% e 348,4%, respectivamente. Dos R$ 60,8 bilhões do orçamento previsto pela instituição para 2005, R$ 2,6 bilhões vão para a extração mineral e R$ 4,4 bilhões serão destinados para a área de siderurgia. O orçamento do banco, calculado com base nas cartas-consultas para financiamentos, é 50% superior ao do ano passado e dá ênfase aos setores que estão próximos do limite da capacidade produtiva, como siderurgia, indústria petroquímica e energia.

No setor de extração mineral estão considerados os projetos exploratórios da Petrobras, que este ano deverá licitar pelo menos três novas plataformas, avaliadas em cerca de R$ 1 bilhão cada uma.

Já na área de metalurgia, por exemplo, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) aprovou orçamento de investimento para 2005 no valor de US$ 3,332 bilhões. Do total, 77,9% - US$ 2,596 bilhões - serão destinados aos investimentos em expansão. O montante é bem superior ao do ano passado, quando a empresa desembolsou US$ 1,956 bilhão.

A robustez no orçamento previsto pelo banco se explica com os memorandos de entendimento que a empresa assinou no ano passado para construção de siderúrgicas, entre eles com com a alemã ThyssenKrupp (no Rio), com as coreanas Posco (Maranhão) e Daugkuk Steel (Ceará) e a chinesa Baosteel (Maranhão).

Ainda no setor siderúrgico, a Gerdau prevê investimentos de US$ 1 bilhão para este ano, com US$ 850 milhões voltados somente para o Brasil. Apenas no Rio de Janeiro, onde expandirá a Cosigua e construirá uma nova unidade, o orçamento é de, pelo menos, R$ 1,4 bilhão, do qual metade provém de financiamentos, inclusive do BNDES.

Na carteira industrial do banco, o setor de material para transporte terá a maior fatia, de R$ 9,2 bilhões (9,2%), e a agroindústria, será contemplada com R$ 3,1 bilhões (7,2%). No rol das prioridades da instituição figuram ainda os segmentos petroquímico - com forte iminência de gargalo -, que terá orçamento 122% (R$ 1,3 bilhão) superior, e de papel e celulose, com aumento de 44,4% (R$ 1,5 bilhão).

- Observo que o banco está interessado em resolver os problemas dos setores que estão esbarrando no limite de suas capacidades. O orçamento deste ano foi elaborado para cumprir o objetivo da nova gestão da instituição, que é aumentar o volume de créditos concedidos - comenta um dos conselheiros do BNDES, o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.

As estimativas do banco estão em linha com as da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que espera investimentos em 2005 superiores a R$ 8,2 bilhões, montante bem superior aos R$ 6,101 bilhões do ano passado.

- A nossa pesquisa mostra uma grande disposição dos fabricantes para modernizarem e aperfeiçoarem o parque produtivo - avalia o presidente da Abimaq, Newton de Mello.

De todos os setores, o de telecomunicações será o único a apresentar recuo no volume total de crédito, com leve queda de 1,6%. A carteira para esse segmento estará limitada a R$ 1,6 bilhão, apesar da disposição das empresas do setor de manter ou aumentar o volume investido no ano passado.