Título: Amorim tenta minimizar comentário sobre nazista
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/07/2008, Economia, p. A19

O Brasil tentou minimizar ontem os comentários feitos pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que podem atrapalhar um ponto crucial das negociações com os Estados Unidos. Amorim disse a repórteres no sábado que a "desinformação" sobre as conversas na Organização Mundial de Comércio (OMC) o fizeram lembrar dos comentários do chefe de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, ao dizer que uma mentira contada muitas vezes acaba aceita como verdade.

Um porta-voz de Susan Schwab, chefe de comércio dos Estados Unidos, disse que Washington desaprova a fala de Amorim.

¿ Estamos aqui para negociar de forma efetiva que esse comentário maldoso não tem lugar nessas negociações ¿ disse Sean Spicer.

Desculpas

O porta-voz de Amorim, Ricardo Neiva, disse que o ministro lamenta que Schwab tenha se ofendido com os comentários.

¿ O ministro Amorim foi cuidadoso para desqualificar o autor da frase. Sua única intenção era destacar que, algumas vezes, falsas versões repetidas com frequência podem sobrepor-se aos fatos, e a propaganda pode suplantar a verdade ¿ afirmou.

Neiva disse que o Brasil contesta os argumentos dos Estados Unidos e da União Européia, que afirmam ter feito ofertas generosas no comércio de produtos agrícolas, enquanto os países em desenvolvimento fizeram pouco para abrir seus mercados para produtos manufaturados.

O ministro das Relações Exteriores disse que o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lemy, pode distribuir um texto de negociação na Rodada de Doha.

¿ Um documento deve ser divulgado na sexta ¿ disse Amorim, depois de encontrar autoridades de países em desenvolvimento.

Amorim revela que os diplomatas dos países em desenvolvimento vão se encontrar todos os dias. O ministro destacou a importância de as economias emergentes se unirem para evitar a dispersão dos países ricos em relação à exposição dos setores industriais e a competição externa.

Uma conclusão da Rodada de Doha, lançada em 2001, pode consolidar as credenciais do Brasil como líder dos países em desenvolvimento e potência diplomática emergente.