Título: Novo hidrômetro doerá no bolso
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 14/02/2005, Brasília, p. D6

Moradores de apartamentos precisarão gastar até R$ 2 mil, cada um, para se adequar à cobrança individual da água

Os moradores de apartamentos podem preparar o bolso: para se adequarem à lei que obriga os prédios a instalarem hidrômetros individuais em suas dependências, a fim de medir o gasto de água de cada imóvel, cada um terá de arcar com um custo de pelo menos R$ 2 mil. Empresas que implantam o serviço, ouvidas pelo JB, estimam que esse é o valor mínimo para edifícios antigos, nos quais a maior dificuldade para adequação à lei é a necessidade de realizar obras civis - quebrando paredes e reestruturando encanamentos. Durante a construção de novo prédio, porém, o custo pode cair até a um terço. Quem trabalha no ramo estima que, nos projetos, a instalação de um (ou mais) hidrômetros por apartamento dificilmente passa de R$ 1 mil.

Atualmente, não chegam a dez os edifícios no DF que contam com o sistema. Segundo a Caesb, o potencial com a promulgação da lei, no início deste ano, chega a 160 mil novas ligações. No entanto, é possível que nem todos os moradores de apartamentos estejam dispostos ao desembolso. João Batista Fernandes, diretor de produção e comércio da Caesb, explica que a Lei 1.455/04 prevê que em casos considerados ''tecnicamente inviáveis'', em prédios antigos, não haverá obrigatoriedade.

- O critério usado para definir ainda será regulamentado. Em alguns locais, a inviabilidade não é apenas financeira, mas técnica mesmo - diz João.

Marcos Sartori, gerente da Central de Medição Individualizada (CMI) da empresa paulista Lao, explica que é difícil prever um valor exato dos custos de implantação dos hidrômetros. Segundo ele, os orçamentos variam bastante com a configuração dos apartamentos e prédios.

- É por isso que atacamos projetistas, responsáveis pela idéia, por não haver serviço de alvenaria, o mais prático - diz Sartori, contando que em São Paulo o sistema individualizado é comum.

Vantagens - Apesar do alto custo de implantação dos hidrômetros individuais, principalmente nos prédios mais antigos, a medida - segundo especialistas - pode reduzir em até 30% a conta de água do prédio. Luis Henrique Lamejo, diretor da Granlar administradora de condomínios, explica que em um edifício-padrão com 48 unidades o custo do condomínio chega a R$ 15 mil - R$ cerca de R$ 4 mil apenas em gastos com água. A expectativa é reduzir a despesa, quando individualizada, para até R$ 2,5 mil.

- A água é o câncer do condomínio. Os moradores não se preocupam se há vazamento, ou quanto o filho está gastando no banho, pois todos pagam juntos - diz Lamejo, ressaltando que muitas vezes o custo/benefício vale a pena. Ele conta que em um bloco da 110 Norte o orçamento ficou em R$ 120 mil. Apesar do custo elevado, mesmo rateado (R$ 3,3 mil para cada), os moradores estão avaliando pois há piscinas individuais no prédio e a conta dividida acaba sendo injusta.

No futuro edifício Morada Nova, em Águas Claras, o sistema de hidrômetros individualizados foi implantado depois de o projeto estar pronto, a pedido dos associados da cooperativa. A maior preocupação era com relação ao gasto de água de seis vizinhos dos últimos andares, que contarão com piscinas individuais. Como ainda está em obras, não foi difícil adaptar. E o custo, incluído no valor dos imóveis.

O engenheiro Eneas van den Haspel, responsável pela obra, explica que em 52 dos 84 apartamentos o hidrômetro será vistoriado pela Caesb de dentro dos banheiros. O restante, ficará com visores à mostra na cobertura.

- A tendência, nos edifícios novos, será verificá-los no hall social - diz Eneas.