Título: DP recebe mais denúncias
Autor: Victal, Renata
Fonte: Jornal do Brasil, 24/07/2008, País, p. A2

Filho do vereador Jerominho seria o novo líder da milícia

Felipe Sáles

Depois da prisão do deputado estadual Natalino Guimarães (DEM), as investigações da 35ª DP (Campo Grande) se concentram agora nos seis foragidos que estavam na casa de Natalino ¿ o Quartel General da milícia, segundo a polícia ¿ na noite de segunda-feira. Os principais procurados, que se tornaram os líderes do bando, são Leandrinho Quebra-Ossos e Luciano Guinâncio ¿ filho do vereador Jerominho Guimarães (PMDB) ¿ que já vinha tendo desavenças com Natalino e provocando um racha na quadrilha. Segundo o delegado-adjunto da 35ª DP, Eduardo Soares, as denúncias dobraram depois da prisão do deputado.

Soares afirma que a milícia controlada por Natalino poderá sofrer um racha depois da prisão do chefe da quadrilha. Luciano Guinâncio, herdeiro direto da milícia e principal líder depois da prisão de Natalino, estaria criando muitas desavenças dentro do grupo depois de se tornar viciado em cocaína.

O delegado-adjunto adiantou que ainda não há provas de que Luciano ou outros milicianos estejam vendendo entorpecentes. Luciano e Quebra-Ossos são acusados de terem matado o inspetor Félix, ex-líder da milícia que controla a Favela de Rio das Pedras, e pelo atentado contra a mulher e o enteado do policial militar Francisco Oliveira, oChico Bala, que hoje colabora com as investigações.

¿ Eles estão completamente desestruturados, e o herdeiro Luciano principalmente ¿ conta o delegado-adjunto. ¿ Ele só anda drogado, e certamente não vai se entregar. Só vai aparecer dentro de um saco preto.

Segundo Soares, a região onde seis pessoas foram presas ¿ entre elas, o deputado Natalino ¿ é conhecida como Vila da Milícia. A região é composta por casas de alto poder aquisitivo onde, segundo o delegado-adjunto, moram parentes e amigos da milícia. Soares rebateu as declarações de Natalino de que as provas foram criadas pela polícia, que se trata de perseguição política e que não há provas contra ele.

¿ O deputado foi preso com milicianos e procurados pela Justiça dentro de sua casa ¿ contou. ¿ A melhor prova que temos foi ele mesmo quem nos deu.

Soares conta que várias pessoas têm ido pessoalmente à delegacia apresentar denúncias "bastante contundentes", num volume tão grande que a delegacia não tem tido dificuldades de atender. Outro problema que os delegados têm enfrentado é a contra-inteligência da milícia, que Soares chama de Disque-vingança.

¿ Muitos moradores amigos da milícia têm feito denúncias com informações falsas, a fim de nos levar para uma emboscada ¿ conta o delegado-adjunto. ¿ Temos de ter uma cautela imensa, ainda mais agora que a prisão do deputado reforçou a credibilidade no nosso trabalho e a quantidade de denúncias dobrou.