Título: Método de estocagem de resíduos é precário, avalia ministro
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Jornal do Brasil, 24/07/2008, Economia, p. A18

Entre as 60 condições gerais e específicas apresentadas ontem para liberar a licença ambiental à usina nuclear de Angra 3, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) exigiu um depósito para os rejeitos radioativos diferente do destino dado atualmente ao lixo gerado pelas usinas de Angra 1 e 2. Esse depósito final deverá começar a ser construído até 2014 para que a nova usina nuclear comece a operar no prazo previsto pelo governo.

Ao anunciar as exigências feitas pelo órgão ambiental, Carlos Minc, ministro de Meio Ambiente, condenou a forma de acondicionamento dos rejeitos de alta radioatividade adotado pelas duas primeiras usinas nucleares.

¿ O método é precário e inadequado ¿ avalia.

O combustível nuclear usado em Angra 1 e Angra 2 é substituído a cada ano e meio e acondicionado em piscinas de resfriamento no interior das usinas. Esses rejeitos emitem radiação por milhares de anos.

O governo estuda a criação de um depósito permanente para o lixo das usinas nucleares. Hoje, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves, disse que o destino final para os rejeitos depende da definição de quantas novas usinas serão construídas depois de Angra 3. Os planos oficiais prevêem a construção de pelo menos mais quatro usinas nos próximos anos.

¿ Os rejeitos de 20 usinas podem ser guardados num depósito subterrâneo do tamanho de um campo de futebol, com 5 m de profundidade ¿ calcula. ¿ Não estamos parados.

Numa análise preliminar, a Eletronuclear avalia que exigências do Ibama não representam obstáculo à obra. Segundo Luiz Messias, superintendente da estatal responsável pelo empreendimento, é possível começar a construir um depósito final para os rejeitos até o início de operação de Angra 3. A estatal tampouco resiste ao monitoramento ambiental independente determinado pelo Ibama. O superintendente prevê que a análise detalhada das condições lançadas pelo Ibama deve consumir até um mês e meio. Apesar da licença prévia fixe o prazo mínimo de 120 dias para a próxima etapa do licenciamento, o presidente do Ibama, Roberto Messias, disse que autorização para o início das obras poderá ser concedida num prazo menor.