Título: Invasão-relâmpago
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2005, País, p. A4

A mais nova estratégia dos sem-terra para chamar a atenção do governo é uma ocupação que de tão rápida foi apelidada de ''invasão-relâmpago''. O método foi utilizado por 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na divisa entre os municípios de Jundiaí, Cajamar e Pirabora do Bom Jesus, na Grande São Paulo. Foi a terceira vez que a Fazenda São Luiz, na reserva florestal da Serra do Japi, foi alvo dos militantes do movimento. A diferença é que a última ocupação durou só 24 horas.

Segundo dirigentes do MST, além de ter o objetivo de acelerar o assentamento de famílias cadastradas no programa de reforma agrária do governo, as ''invasões-relâmpago'' são também uma forma de evitar confrontos com a polícia.

Representantes do movimento na Grande São Paulo contam com a promessa de dirigentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que, em reunião com os sem-terra na capital paulista, asseguraram que tentarão comprar os 100 hectares da propriedade. Segundo o MST local, essa extensão seria suficiente para acomodar os 300 invasores da fazenda.

Enquanto aguardam - e lutam - pelo assentamento na fazenda, esses sem-terra ocupam, com outras 100 famílias, a Chácara Maria Trindade, no km 27 da Via Anhangüera, há mais de um ano. Os invasores da Fazenda São Luiz prometem retornar ao local alvo da ocupação-relâmpago, cujos proprietários já teriam apresentado preço ao Incra para a venda das terras.