Título: Presidente visita sem-terra na Bahia
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2005, País, p. A4

EUNÁPOLIS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou ontem o acampamento do Movimento dos Sem Terra (MST) no município de Porto Seguro, no Sul da Bahia. Esta foi a primeira vez desde a posse que Lula visitou um acampamento do movimento. Até então, o presidente e sua comitiva só haviam visitado áreas já em fase de assentamento.

Durante a visita, acompanhado pelos ministros Jaques Wagner (Trabalho) e Waldir Pires (Controle e Transparência), Lula prometeu às cerca de 800 famílias que vivem no local que o Incra fará, até julho, o assentamento da área. O presidente ressaltou que a medida terá de ser feita dentro da lei:

- Por dia, assino cerca de 10 assentamentos, mas depois tenho de assinar os 10 pedidos de recursos dos proprietários. As reclamações costumam ser as mesmas, mas temos que seguir a lei.

A visita de Lula ao acampamento, que leva seu nome, aconteceu após sua ida às instalações da fábrica de celulose Veracel, no município de Eunápolis, no extremo Sul da Bahia. A fábrica, de propriedade da Aracruz e da sueco-finlandesa Stora Enso, está orçada em US$ 1,25 bilhão e tem o início de suas atividades previsto para maio.

Os sem-terra que estão no acampamento visitado por Lula invadiram em abril do ano passado parte das terras que a Veracel utilizava para o plantio de eucaliptos. Depois de intensas negociações, o grupo de sem-terra recuou, devolvendo a área à empresa. O impasse, no entanto, não parece estar totalmente resolvido. Durante a recepção ao presidente, membros do acampamento fizeram músicas de protesto à fábrica de celulose.

Embora tenha visitado o acampamento do MST, Lula criticou durante seu discurso na Veracel o radicalismo em relação ao uso da terra. Para ele, é importante entender as diversas utilizações que algumas áreas podem oferecer.

- Esta fábrica é mais uma oportunidade de provar a necessidade da utilização multifuncional da terra e não achar que a terra é só para gado, só para isso ou só para aquilo - defendeu o presidente.