Título: Diamantes, agora inofensivos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2005, País, p. A6

Durante quatro dias, o motivo de disputa entre índios Cinta-larga e garimpeiros em Rondônia brilhará inofensivo e a salvo para quem quiser vê-lo no Centro do Rio de Janeiro: 665 quilates de diamantes em estado bruto estarão sob a vigilância de policiais federais em exposição na sobreloja da sede da Caixa Econômica Federal na capital fluminense. As pedras preciosas, que irão a leilão às 10h do dia 2 do mês que vem, estarão à mostra de segunda até sexta-feira que vem. De propriedade da tribo Cinta Larga, da reserva Roosevelt, o mineral foi alvo de disputas que resultaram na morte de 29 de invasores da terra indígena no início do ano passado.

Durante a exposição - com início às 10h, na presença do vice-presidente de Crédito da Caixa, Francisco Egidio, e de representantes do Ministério da Justiça, da Fundação Nacional do Índio e do Departamento Nacional de Produção Mineral - os aspirantes a proprietários das pedras preciosas poderão agendar o manuseio delas para os dois dias que antecedem o leilão. Na hora de fechar negócio, a Caixa dá a dimensão máxima da ambição: três lotes por comprador. O leilão será no Teatro Nelson Rodrigues, também no Centro, e os lances mínimos variam de acordo com os lotes entre R$ 100 e R$ 80 mil.

Depois da luta, na reserva, pelos diamantes - física e ideológica, já que o sindicato dos garimpeiros chamou o episódio de ''massacre'', enquanto a Funai invocou o direito dos índios de defender seus territórios - a Caixa foi autorizada pela Medida Provisória 225 a arrecadar os diamantes em poder dos Cintas-Largas, no município de Espigão d'Oeste. Num posto de atendimento provisório montado dentro da reserva, nove índios entregaram as pedras até 7 de dezembro passado, totalizando os 665 quilates. Especialistas constataram a autenticidade do mineral pedras e os índios receberam crédito correspondente à antecipação de 10% do valor.