Título: Dirceu sai em defesa da alta dos juros
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2005, Economia & Negócios, p. A19

Ministro afirma que medida não afetará o crescimento e anuncia regulamentação das PPPs em 40 dias

SÃO PAULO - O ministro da Casa Civil, José Dirceu, engrossou ontem o cordão dos que defendem a política monetária. Diante de uma platéia formada por empresários, o ministro disse que a elevação da taxa básica de juros, promovida pela quinta vez nesta semana, não inviabilizará o crescimento econômico neste ano. - Já aumentamos os juros, já reduzimos os juros, agora aumentamos de novo. O mais importante é que o país vai crescer - afirmou. - Não acredito que isso venha a deter o crescimento do país.

O ministro participou de reunião com diretores da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na qual discutiu questões de infra-estrutura e o apoio às PPPs (parcerias público-privadas).

Ele evitou tecer críticas à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), que elevou a taxa Selic para 18,25% na quarta-feira.

- O Copom quis frear uma tendência que ele entendeu como inflacionária - justificou.

Para Dirceu, as medidas de desoneração tributária, de aumento da segurança jurídica (a exemplo da Lei das Falências) e de desburocratização são contrapartidas que vão ajudar a estimular o crescimento da economia neste ano.

- Nós temos que ter olhos para as medidas que o Congresso já aprovou. Tudo isso contribui para criar um clima de crescimento, para além da política de juros. O governo enviou medidas de isenção tributária para 21 setores da produção e vai continuar a desburocratizar os negócios - disse.

Dirceu acrescentou que já foram enviadas medidas para a Casa Civil no sentido de simplificação da burocracia oficial e garantiu que a lei que cria as PPPs deve ser regulamentada nos próximos 40 dias. Nessa fase, diz o ministro, as divergências entre governo e empresariado sobre o fundo garantidor previsto nas parcerias serão equacionadas.

- A partir daí, o Comitê Gestor vai começar a funcionar e vamos apresentar propostas para o fundo garantidor. Tenho certeza de que temos condições de criar um fundo que não tenha riscos e não represente um desestímulo para o empresariado - afirmou.

Apesar dessa discordância, Dirceu disse acreditar na convergência entre governo e empresariado sobre a necessidade das PPPs.

- Acredito que vai haver uma parceria no país - acrescentou, enfatizando a necessidade de se ''iniciar rapidamente projetos importantes para estimular a atração de investimentos''.