Título: Mais dinheiro, maior prazo, menos juro
Autor: Gustavo Igreja
Fonte: Jornal do Brasil, 22/01/2005, Brasília, p. D5

Mudança em fundo destinado a microempresários e pequenos produtores dá financiamento em condições mais favoráveis

O programa do governo local para a concessão de crédito a micro-empresários e pequenos produtores urbanos e rurais da região mudou este ano. Antigo Fundo de Solidariedade (Funsol), a reserva passa a se chamar Fundo para a Geração de Emprego e Renda do DF (Funger) e terá limite de empréstimo duas vezes maior do que tinha antes. Os prazos de pagamento foram aumentados. Os juros, diminuídos. E até profissionais recém-formados, sem experiência profissional, podem requisitar a ajuda para entrar como patrões no mercado. A mudança foi publicada anteontem no Diário Oficial do DF. Dentre os possíveis tomadores do crédito estão artesãos, prestadores de serviço autônomos, feirantes, empreendedores do setor informal, cooperativas, empresas de pequeno porte, recém-formados e todo tipo de microprodutores urbanos e rurais. O limite de empréstimo antes em R$ 25 mil para as cooperativas sobe para R$ 50 mil. E, para micro e pequenas empresas, o teto pula de R$ 10 mil para R$ 20 mil.

- Percebemos que era preciso incluir mais pessoas e aumentar o crédito para alguns que já eram beneficiados. O empréstimo é aberto a todos os brasilienses, desde que atendam às condições, mas temos um interesse especial em ajudar os jovens, principalmente recém-formados, que enfrentam dificuldades com o primeiro emprego e algumas empresas do Pró-DF - afirma Ivelise Longhi, secretária de Trabalho do DF.

Para pessoas físicas, como os informais, e para produtores rurais o crédito disponível vai de R$ 50 a R$ 10 mil. O mesmo limite vale para os recém-formados, únicos que não precisam de experiência profissional na área em que atuarão para requisitar o empréstimo. A taxa de juros, antes fixada entre 3% e 12%, foi limitada a 6%. E pode ficar ainda menor para quem toma o dinheiro não como capital de giro, mas para investir em um novo negócio.

- Temos este ano R$ 20 milhões para oferecer em créditos. Ano passado, R$ 7,2 milhões foram repassados. Em 2005, queremos que passe dos R$ 10 milhões. Mas ainda há pouca gente informada e com acesso ao serviço e isso nós queremos mudar - comenta a secretária.

O recurso vem do montante destinado ao antigo Funsol, de multas aplicadas a beneficiários do Pró-DF que não cumpriram os acordos com o governo e do retorno do crédito cedido pelo próprio Funger. Segundo Ivelise, desde 1995, quando o fundo foi criado, 24 mil empréstimos já foram oferecidos e 24.466 postos de trabalho foram gerados. Só em 2004, foram 7,2 mil empregos criados no DF em decorrência do crédito.

- A inadimplência, em 5%, é baixa comparada a outros programas - diz a secretária.

Para ter direito ao dinheiro, o requisitante tem que morar em Brasília há pelo menos três anos, não ter qualquer restrição no Serasa e ter experiência profissional na área de pelo menos seis meses - exceto recém-formados. Para os investimentos urbanos (juros de 1,02% ao mês), o prazo de amortização da dívida é de 24 meses, após o vencimento do prazo de carência, de seis meses. Para os empréstimos urbanos destinados a aumento de capital (juros mensal de 1,26%), o pagamento tem de ser feito em até nove meses após o fim da carência, de três meses.

Para os tomadores de crédito rurais que usaram o dinheiro para novos investimentos (juros de 5% ao ano), a amortização tem de ocorrer em até seis anos após o período de carência, de dois anos. Já os que pegarão o dinheiro para custeio de negócios já existentes (juros anuais de 4%), o pagamento tem de ocorrer em até dois anos após a carência de um ano.